quarta-feira, 26 de novembro de 2008

A IGREJA QUEBRA GALHO DA VIDEIRA


Jesus disse que Ele está para nós assim como a Videira está para os ramos. Sem videira todo ramo é pedaço de pau e somente isto. Sim! É madeira morta, boa para ser queimada. Os cristãos, no entanto, foram enganados e deixaram-se enganar, pois, desde que se determinou que "fora da igreja não há salvação", que a Videira passou a ser a "igreja", e, também, desde então, o Agricultor, que, segundo Jesus é o Pai, entre os cristãos é o Pastor, ou, em alguns grupos, o Corpo de Doutrina pelo qual se faz a "poda" de membros.

Assim, para o crente, "permanecer em Jesus", [João 15], é permanecer firme na "igreja", freqüentando, participando e se submetendo a tudo. Do mesmo modo, "dar fruto", segundo os crentes e suas emoções condicionadas por anos de engano religioso, é evangelismo como programa, é acampamento como devoção, é célula de crescimento, é cantar no grupo de louvor, é ir à reunião de oração, e, sobretudo, é dar o dízimo em dia. E o mandamento de amar uns aos outros é algo que os crentes entendem como amar os que são iguais a eles enquanto os tais não ficarem diferentes. Nesse dia eles viram desviados.

Ainda no mesmo andar de engano, os crentes pensam que "ser lançado fora" da Videira é ser disciplinado pelo Agricultor Pastoral ou pelo Conselho de Agricultura que aplica o Corpo de Doutrinas disciplinadoras e excludentes, aos quais supostamente não se equivocam ao separar o joio do trigo no campo do mundo-igreja. Ser “amigo de Jesus” [João 15], para os crentes é estar em dia com a doutrina, o dizimo e a freqüência. Assim, para a maioria dos crentes, emocionalmente, é assim que João 15 é sentido e praticado.

Ora, o resultado é o desastre cristão desses quase dois mil anos! De fato, a religião cristã é um estelionato espiritual, pois, chama para si, como se fora Deus, aquilo que é de Deus e somente passível de realização Nele. O que Jesus dizia era tão simples. O que Ele dizia é apenas isto: Absorvam a minha Palavra; o meu ensino; e o pratiquem com amor por mim e por todo ser humano. Se vocês sempre crerem que a Vida de vocês está em mim e vem da obediência ao mandamento do amor, então, vocês serão meus amigos; e, assim, toda a verdade de minha Palavra será fato e bem na vida de vocês.

Mas, sem mim, sem vida em meu amor, sem absorção do Evangelho no coração, por mais que vocês tentem viver e buscar o bem, de fato vocês serão apenas como galhos soltos, secos e mortos; existindo sob o engano de que existe vida em vocês, quando, de fato, pela própria presunção de vocês, estarão mortos sem o saberem. O resto a História do Cristianismo nos conta!

Rev. Caio Fábio

24 de novembro de 2008
Lago Norte Brasília DF

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Me envergonho do que chamam de “Evangelho”




“E disse o SENHOR a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te dizem, pois não te têm rejeitado a ti, antes a mim me têm rejeitado, para eu não reinar sobre eles.” I Samuel


No cenário atual da igreja, como se apresenta à sociedade, são diversas as pessoas marcadas pelo que chamam de “Evangelho”. Pois, ao contrário do que nos ensina a bíblia, o que se expõe e se aprende sobre o “evangelho” está adstrito aos pregadores que muito mais estão preocupados com a captação de novos “mantenedores” do que propriamente, apresentar por meio de suas vidas o poder do evangelho genuíno e transformador de Jesus Cristo. Mas o que se pode fazer, ninguém pode dar o que não tem.

Verdadeiros “animadores de palco”. As técnicas são as mais diversas possíveis. Usam todos os recursos que a mídia fomenta para arrebanhar mais e mais pessoas. E “em nome de Jesus” fazem as maiores atrocidades prometendo o que Jesus jamais prometeu, pois não há nenhuma promessa feita pelo Mestre pendente de conclusão, já que na cruz tudo se consumou. Comportam-se como aqueles nove leprosos, dos dez que foram curados, que apenas queriam a cura e não o Jesus da cura. Apenas um voltou e agradeceu para ouvir do mestre: “tua fé te salvou”.

Eles tratam a palavra de Deus, como a forma “infalível” de satisfazer os desejos consumistas das pessoas que buscam esse tipo de completude. Pregam como se, ao sacrifício de Jesus, carecesse ser agregado algum valor, como se não valesse por si só ao que se propõe. Ensinam que é necessário fazer algum sacrifício para o Senhor, a fim de nos tornarmos merecedores do que queremos. Vivem para escandalizar o Evangelho e ao invés de curar feridas, parecem colocar o dedo em cima delas e apertar.

Não precisamos aqui, tecer muitos detalhes acerca de nada disso já que é um contexto no qual todos estão inseridos. Tratam a salvação das nossas almas como secundária e a satisfação dos nossos desejos é que deve conduzir nossas vidas. Oferecem exatamente aquilo que o diabo ofereceu a Jesus e que o Mestre rejeitou.

O fato é que por maior que seja a resistência de alguns a estes ensinamentos deturpados, dificilmente, nos depararemos com alguma comunidade que se denomina cristã não eivada de algum modo por este contexto nefasto dos nossos dias. Aqueles, porém que se mantém na verdade experimenta dentro destas comunidades, verdadeiras torturas espirituais.

Aqueles que se tornam esteio do verdadeiro evangelho passam a sentir a rejeição daqueles que tanto ama. Sente na pele tão brusca indiferença, onde ao olhar em derredor o que mais se vê é o nada de um deserto onde só se ouve sopros e ventos impetuosos. E o que nos vem na alma é o dissabor da incompreensão. Não conseguimos compreender o significado de tudo isso até experimentarmos a verdadeira libertação trazida pelo evangelho.

Não devemos nos arrefecer, mas nos entregar a estes que nada sabem; que estão sorrindo sem sorrir, falando sem falar, vivendo sem viver; carentes do amor de Deus e necessitados da nossa devoção, porque desprendidos de um existir puramente reagente, tomados pela “atitude” do evangelho que nos remete às pessoas com um amor capaz de nos devolver a capacidade de louvar.

A atitude do Evangelho nos permite ser livres ao evangelho e agirmos puramente por intermédio dele mesmo. Nossas ações devem se desvincular das atitudes das pessoas e se atrelar à de Deus. Se Jesus reagisse perante Pilatos, sairia livre. Mas a atitude do evangelho, completamente livre da nossa compreensão, foi ficar em silêncio, como fez para que fosse crucificado.

Devemos ser guiados pelo evangelho de Jesus e não nos direcionarmos por quem quer que seja. Sejamos puramente vinculados ao Senhor que a despeito das nossas limitações, constrói ao seu tempo, um caráter efetivamente cristão em nós.

Tornamo-nos senhores de nós mesmos inadmitindo a Soberania de Deus, experimentando as frustrações inerentes a esta escolha; vivemos em função do nosso eu, sem admitir quem quer que seja pela razão mais tola possível, pois buscamos no pecado aquilo que ele não pode nos dar: Satisfação, completude, PAZ!

“Se vós fosseis do mundo, o mundo amaria que era seu, entretanto, não sois do mundo, ao contrário eu do mundo vos escolhi e por isso o mundo vos odeia”. Hoje, o mundo está dentro dos templos, solapando dia a dia o que sobrou dos verdadeiros cristãos.

Que o Senhor produza em nós corações que efetivamente se doem a estes que carecem de evangelização genuína que estão dentro dos templos, sobretudo, aqueles que se intitulam ministros deste evangelho vergonhoso que nada produz, senão, os males e doenças a ele inerentes.

Amém!




Maurício José da Silva Irmão
18 de Novembro de 2008

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

DESPENSEIRO DA GRAÇA

1 Pedro 4:10 Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.
1 Coríntios 4:2 Além disso, requer-se dos despenseiros que cada um se ache fiel.

A palavra “despenseiro”, conforme nos mostra os dicionários deriva de “despensa” que é o lugar onde se arruma, armazena os víveres de uma casa. O despenseiro, portanto é aquele responsável pelo controle e arrumação destes víveres na despensa. Todavia, me parece insuficiente recorrer a esta analogia para explicar o que significa ser despenseiro da graça de Deus.

Por via de conseqüência, entender o que é ser um “despenseiro” me parece simples, todavia, não posso, com eficácia, esclarecer o que significa ser “despenseiro da graça” sem antes dizer o que é “graça”. E não dá para dizer nada sobre a graça sem falarmos sobre a fé e, como veremos, não dá para tratarmos sobre fé sem antes entendermos a criação na sua gênese. Significa que para entendermos a graça da qual somos despenseiros, precisamos nos remeter ao principio de tudo.

Assim sendo, preliminarmente posso dizer que na criação – céu e terra – não há um sentido em si mesma, pois sua finalidade reside na posterior criação do homem. Nada do que foi criado tem qualquer sentido de existir sem o homem (Cf. Gn. 1: 26,27). Tudo o Criador sujeitou ao homem, de modo que desde o momento em que se fez compreensível ao criar, sua pretensão maior era o homem. Todavia, a recíproca não é verdadeira, pois a essência do homem, sua finalidade reside em Deus, já que fomos criados para nos completarmos nele em obediência.

Após a queda, cabe esclarecer que o próprio Deus afirma ter o homem se tornado igual a ele, no sentido de conhecer o bem e o mal. Significa que após a queda o homem assume o senhorio de si mesmo por haver rompido com Deus, se fazendo deus. E assim sendo, passa a não admitir outro deus, razão pela qual rompe com o homem também. Poderíamos chamar o homem decaído de "homem deus".

Ressaltamos ainda que, embora não conhecedores do bem e do mal, o casal foi conscientizado do que era certo e errado. Por isso a queda é muito mais que comer do fruto, mas, além disso, significou a desconsideração pelo homem da sua essência e dependência de Deus por pretender se igualar a Deus e viver por si mesmo. Logo, a vida que hoje vivemos é ao mesmo tempo a “morte certa” em virtude da não obediência a sua vontade e é a “vida” resultado das nossas próprias vontades, da qual não podemos nos queixar.

Contudo, é de suma importância que saibamos que tudo que tratamos até aqui, antecede a queda. Pois hoje não nos relacionamos com Deus por meio da obediência pessoal, mas por meio da fé, pois na condição de decaídos não podemos agradar a Deus por nós mesmos.

Significa que a fé desencadeia em nós um processo, que nos permite, pelo seu autor e consumador, a saber, Jesus Cristo, uma relação direta com Deus por ser Deus o próprio Cristo. De modo que a fé, em nós, substitui a obediência de Adão validamente. Sem desconsiderar, claro, que a fé que nos é dada, resulta da obediência do Cristo não nossa. A dívida paga, à justiça de Deus, que não pudemos pagar era a obediência. Hoje, obedecemos por fé.

Ora, se a vida para Adão resultava de sua obediência pessoal, estamos dizendo que a vida não era um direito, mas era mantida por um direito, pois o único meio de perdê-la seria desobedecendo, como aconteceu.

A vida sempre procede do criador, a saber, O Cristo. Dada ao homem, na gênese da criação “como” um direito; a posteriori, devolvida ao homem, após a queda por meio da sua graça. Tanto de um modo, quanto de outro, só há vida nele, Ele é a vida. Neste sentido, a vida não é nem um direito, tampouco uma graça, mas ambas são formas utilizadas por Deus para dar vida ao homem. A primeira, como já dito, no principio de tudo, e depois a graça em virtude da queda.

A graça de Deus, portanto, nestes termos, é o resultado último do processo que se inicia em nós por meio da fé, pois a vida é o fim último da fé, que não vem de nós é dom de Deus, pois somos salvos por ela que antecede e permite a graça de vivermos novamente em Deus, pelos méritos do Cristo, não nesta vida, que resulta das nossas vontades e desobediência, mas para vivermos em Jesus por meio dele mesmo, isto é, da fé.

Já entendendo – espero – que a fé antecede a graça, uma conclusão disto merece relevância, pelo que passo a aduzi-la: Ora, a justiça de Deus, enquanto criador, já que ser criador não o torna mais Deus, resulta da sua própria palavra, ao restringir o homem, conforme sua imagem, de comer do fruto do conhecimento do bem e do mal afirmando categoricamente que se assim procedesse “certamente morreria”. Ser justo, portanto, significa condenar a criação em face da desobediência.

Isto ocorreu porque o amor de Deus não o contraria. Por isso, se fez necessário o sacrifício do Cristo, pois não poderia desconsiderar sua própria palavra e simplesmente não “matar” e descumpri-la. Para não ficar apenas nas minhas palavras, leia os textos bíblicos abaixo: No livro de Romanos no Cap. 5: 1 e 2, assim nos ensina Paulo: Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus.

Ainda no livro de Romanos, continua Paulo no Cap. 8:24 e 25: Porque, na esperança, fomos salvos. Ora, esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê, como o espera? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos. Já no livro de Hebreus, temos uma clara explicação sobre o que é fé: Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem.

No livro de Tiago Cap. 1:2 podemos ler o seguinte: Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação a vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Voltando para o livro de Romanos no Cap. 5, temos a confirmação do que afirma Tiago, nos versos 3 e 4: ...mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; a experiência, esperança.

No livro do Apóstolo Pedro, em sua primeira carta, ele afirma o seguinte, nos versos 6 – 9: Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações, para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo; a quem, não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória, obtendo o fim (finalidade e término) da vossa fé: a salvação da vossa alma.

Não podemos nos justificar por nossas próprias obras, embora disso já saibamos. Mas se observarmos o que narra os textos acima e devidamente adentrarmos em seus contextos vamos nos aperceber que a fé se limita apenas a esta vida, pois sua finalidade está para reverter a nossa morte nos fazendo produzir frutos antes impossíveis em virtude da nossa atual condição de decaídos.

A fé pretende produzir em nós vida, já que estamos mortos. A fé, portanto é o instrumento que nos faz deixar de ser deuses, rompidos com Deus e com o outro, fazendo-nos iguais: De fato, sem fé, é impossível agradar a Deus.

Diante de tudo que até aqui se aduziu, posso dizer que despenseiro da graça é aquele que ama porque recebeu de Deus este amor; que perdoa porque já foi perdoado por DEUS; que não julga porque não há de ser julgado, já está salvo; nada o eleva, tampouco o diminui, porque simplesmente se enxerga com sinceridade, sabendo que em si mesmo não há perfeição, mas deve sempre haver sinceridade; não leva “sentenças” para as pessoas, já que se compreende merecedor de condenação também, mas a verdade do evangelho em sinceridade e compaixão; que deseja não praticar o mal não por hipocrisia, mas por amor, sabendo que nossas praticas não podem nos justificar diante daquele que justifica a quem quer; e por fim, que não é nada em si mesmo, pois tudo que é, por menor que seja, procede daquele que é tudo em todos.

Ser despenseiro graça significa ser despenseiro de uma esperança viva que há de se revelar em dia e hora que só pertencem a Deus. É esta viva esperança que produz em nós Paz. Cessada está a guerra, não mais somos inimigos de Deus, mas reconciliados por meio dele mesmo, temos paz presente para que possamos aguardar, certos e convictos pela vida eterna, produzida pela graça de Deus, manifestamente salvadora.

Que Ele produza em nós verdadeiros celeiros da sua graça vindoura, fruto da fé presente a fim de tenhamos paz com Ele e com os outros.

Amém!



Maurício J. S. Irmão
29.07.2008
12.08.2008
23.08.2008
16/09/2008

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Uma Nova Visão Sobre Missões


No livro de Atos capítulo 1 versículo 8 podemos encontrar as últimas palavras de Jesus antes de ser levado ao céu: “Porém, quando o Espírito Santo descer sobre vocês, vocês receberão PODER e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda Judéia e Samaria e até os confins da terra” (Atos 1:8). Estas palavras são o marco daquilo que nós cristãos chamamos de “missões”.

O versículo acima nos traz algumas implicações: primeiro que, ao nos tornarmos filhos de Deus – nos tornamos sal e luz – o Espírito Santo passa a habitar em nós; segundo que Deus nos deu, mediante seu Espírito, o PODER da palavra e do evangelho, o PODER que liberta. O evangelho é o PODER de Deus que transforma vidas e o mais importante ainda, dá a vida eterna.

Este PODER dado por Deus a nós, nos confere a missão do “ide e pregai” (Mc 16:15). Assim, nós passamos a ter a missão mais importante que já existiu na face da terra e ela nos foi confiada por Deus. Logo, nada do que façamos nesta vida será maior e mais importante do que ganhar almas para Jesus.

Se formos mais adiante, no capítulo 1 de Atos, encontraremos no versículo 11 as palavras dos dois homens vestidos de branco, destinadas àqueles que ficaram a olhar para o céu após a subida de Jesus: “Homens da Galiléia, por que vocês estão olhando para o céu? Esse mesmo Jesus que estava com vocês e que foi levado para o céu voltará do mesmo modo que vocês o viram subir” (Atos 1:11). Se pararmos para tentar imaginar a cena que o versículo 11 descreve, teremos a impressão de que por alguns segundos os que olhavam para o céu precisaram ser “despertados” pelos homens de branco. Isto me fez pensar se não seria a situação de muitas igrejas: cristãos olhando para o céu.

Nosso errôneo entendimento do que seja missões está resumido a vivermos presos entre as quatro paredes do templo olhando para o céu, achando que as nossas esporádicas orações e ofertas serão o suficiente para levar pessoas a terem um encontro com Jesus.

Para uma nova visão missionária não precisamos apenas orar e ofertar mais, temos que fazer também o “ide” de Jesus. Não podemos ter apenas a consciência de que temos PODER, mas precisamos usá-lo, pois Deus cobrará isto de nós.

Precisamos, urgentemente, rever a nossa concepção de missões. Missões se tornou um espaço de tempo em que a igreja reserva para orar, recitar o tema e a divisa – que por sinal muitas vezes é feita de uma forma mecânica assim como outros momentos do culto –, cantar o hino oficial e levantar, com muito esforço, a oferta para os missionários.

(E por falar em missionários!) Quem são os missionários? Missionário não é título dado por seminário. Missionário é uma conseqüência para uma pessoa que se torna cristão. Ser missionário é viver diariamente, não apenas pensar em missões, mas viver missões. Nós temos que desconstruir a idéia que de fazemos missões em nome de qualquer que seja a “junta” (JMM – Junta de Missões Mundiais –, por exemplo) e construir na mente e nas atitudes que fazemos missões em nome de Jesus.

Mas talvez seja mais fácil “pagar” a um missionário pra ele fazer (Eu te pago e tu faz enquanto eu fico aqui a orar por ti). Orar e levantar ofertas pelos tão missionários quanto nós deveríamos ser, não é o bastante. Deus não quer só isto de nós. Mas, isto é uma conseqüência de estarmos nos escondendo atrás da lógica de que missionário é aquele que está lá, bem longe de todos, lá no “campo”. Mas onde fica o campo? O campo é onde nós vivemos. O campo é o nosso dia a dia.

Não existe nenhum cristão a quem Deus não tenha um projeto missionário.Não podemos ignorar o projeto de Deus, pois missionário importante é o missionário que está no centro da vontade de Deus.
Renata Lima
15/07/2008

terça-feira, 15 de julho de 2008

Mais que expressão: verdade!


Quem de nós nunca ouviu uma palavra hostil a ponto de desanimar sobre planos e projetos? Quem nunca foi surpreendido com uma atitude de alguém de quem nada de mal se esperava, sendo solapado em suas estruturas, perdendo totalmente o “chão”, como comumente se afirma? Ou ainda, pôde experimentar traições e decepções de quaisquer ordens, sofrendo danos para além de materiais? Surpreendemo-nos com coisas do tipo.

Estamos adstritos ao que vemos e por isso somos tendenciosos a nos direcionarmos pelo que fazem conosco e pelo que fazemos em retribuição. O fato, ao que nos parece, é que uma palavra ou atitude se prolonga no tempo quase que indefinidamente e nos qualifica pela vida inteira. Acabamos acorrentados não só pelo que dizemos, mas pelo que ouvimos e, muitas vezes ou quase sempre, se desvencilhar disso requer um repensar de toda nossa existência, sobretudo cristã.

Numa via dupla é tão difícil voltar atrás para perdoar como para pedir perdão, porque diferentemente do perdão de Deus para conosco, o perdão entre nós significa igualdade. Há uma verticalidade no perdão de Deus para conosco, enquanto que de uns para com os outros o perdão se opera numa horizontalidade.

Palavras ditas sob a égide do nosso ego ferido ou simplesmente afrontado, não por tudo que de fato afronta, mas por tudo que chamamos de afronta. Se olharmos com sinceridade para nós mesmos, veremos que a maioria dos nossos problemas não são problemas e que a maioria das nossas afrontas não são afrontas. Não voltar atrás destas coisas é uma expressão mais do que contundente da nossa hipocrisia existencial.

Não podemos fugir das nossas atitudes e palavras, tampouco das atitudes e palavras alheias, pois não podemos ignorar a existência do outro. Mas precisamos ver por trás das palavras para compreendermos as pessoas que nos envolvem. Somos muito mais que palavras e ações, pois nossa essência nos antecede e é precedida pela própria efetivação da toda existência, pois o existir é uma instituição divina e Deus a antecede.

Olhar por trás das palavras e atitudes não significa tentar sondar o interior das pessoas, tecendo juízos e formando restrições sobre elas. No entanto, significa olhar para dentro de nós mesmos e enxergarmos que precisamos AMAR o outro para sermos levados até JESUS. Não como uma condição, mas como um resultado natural do que nos tornamos diante de DEUS por exclusivo (ou único) intermédio do seu filho JESUS, a menos que nada tenha sido mudado em nós.

Como filhos que agora somos, precisamos ter proximidade o suficiente para compreendermos as limitações dos outros, sabendo que também possuímos as nossas e que por isso devemos agir com sinceridade com as pessoas, sendo primeiro sinceros e verdadeiros com nós mesmos. Tornamos-nos ainda mais doentes espirituais quando permitimos que alguém se afaste de nós, ou vice e versa, por causa de atitudes e palavras que machucaram, pois estamos vendo apenas o exterior, sem AMAR o interior das pessoas a partir de nós mesmos.

Somos bem mais que palavras e ações. O que somos nunca poderá ser expresso exatamente por aquilo que se pode ver e ouvir. Podemos usar muito mais que linguagem e atitudes para nos expressarmos e, conseqüentemente, nos conhecermos.

Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Gálatas 5:22

Talvez se refletir junto comigo neste texto, consiga entender melhor o que estou tentando dizer:
1. Imagine alguém que ama e que não se satisfaz;
2. Imagine alguém que se satisfaz, porque ama, e não tem paz...
3. Imagine alguém que tem paz, porque se satisfaz e se satisfaz porque ama, e não tem firmeza de ânimo, isto é, se permite guiar pelo medo...
4. Imagine alguém que conjuga as características acima e não tem suavidade, nem bondade...
5. Que não tem mansidão e autocontrole, sobretudo que não tem fé...

Quero dizer que não podemos ter uma coisa e não ter outra. Tudo procede do amor e o amor de Cristo, pois sem ele nada de bom pode se erigir de nós mesmos. Somos hipócritas quando nossas palavras e ações divergem do que narra este texto (Gal. 5:22) e ao mesmo tempo dizemos ter CRISTO em nossas vidas. Neste sentido, o mal que nós fazemos as pessoas deve cessar, não porque é proibido, mas porque somos iguais e nos amamos. Nada justifica proceder de modo diverso, apenas nossa hipocrisia.

NELE, enxergamos o que de fato somos e, a partir daí, passamos a ver os outros como Ele nos vê, sem juízos, imposições, restrições, impaciência, desafeto, mas com AMOR. Desse modo, requalificamos o que dizemos e ouvimos, passando a expressar uma verdade completamente livre de nós mesmos, mas completamente vinculada à verdade do EVANGELHO que, como tudo que procede de Deus, requer muito mais do que expressão, requer vida.

Precisamos nos guiar deste modo, sem mentirmos para nós mesmos, mas agindo com AMOR, pois só ele nos faz viver em verdade e sinceridade, isto é, para além do que podemos ver.


Maurício J.S.Irmão
12/07/2008

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Exercendo o amor pelo amor


Nos versículos de 9 a 21 do capítulo 12 da carta aos romanos, Paulo ensina sobre a prática que os cristãos precisam viver diariamente. Ele instrui aos cristãos no serviço do dom máximo e princípio básico de todo o verdadeiro cristianismo: o amor. As virtudes que aqui descreve são a manifestação externa do genuíno amor cristão.

9 O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem.
10 Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros.
11 Não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor;
12 Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração;
13 Comunicai com os santos nas suas necessidades, segui a hospitalidade;
14 Abençoai aos que vos perseguem, abençoai, e não amaldiçoeis.
15 Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram;
16 Sede unânimes entre vós; não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios em vós mesmos;
17 A ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas honestas, perante todos os homens.
18 Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens.
19 Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor.
20 Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça.
21 Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem
.


Já ouvi alguns opinarem dizendo que é impossível alguém viver desse modo e que é impossível viver tudo o que a bíblia nos ensina). Em se tratando de quem não vive o amor de Deus, até compreendo! Se for pra depender do “sangue de barata” de muita gente, realmente eis um problema. Tentem fazer o que está escrito de uma forma mecânica ou por mérito próprio. Garanto, será decepcionante!

Pensemos assim: só quem tem água pode dar de beber. Só quem tem comida pode dar de comer. Só quem ama pode dar amor.
Indo mais adiante: somos cristãos, certo? Temos o amor de Deus em nossas vidas e todos os nossos pecados por meio de Jesus Cristo foram/são perdoados. Logo, temos amor e perdão. Ok?
Se nós só podemos dar aquilo que temos – e nós temos amor e perdão – como posso me deixar vencer pelo mal? (Ou seja, não amar?) Como posso não dar de comer ao meu inimigo? (Ou seja, como posso não exercer perdão?)

A graça de Deus abundou em nossas vidas. Reconhecemos a grandeza de seu amor a ponto de nos resgatar do pecado, perdoando-nos. Então, como posso eu não amar ao meu próximo se Deus me amou primeiro e se este amor faz parte de mim? Como posso eu não perdoar se vivo o perdão de Deus? Se não perdoamos é porque não temos o perdão, se não amamos é porque não temos o amor.

Portanto amados: ameis uns aos outros! Mas este amor não pode ser entendido como uma imposição em sentido estrito, mas na verdade como uma conseqüência natural para aqueles que foram alcançados pelo amor de Deus.

Ameis até quando cometerem injustiça contra ti, pois o senhor colocará brasas vivas sobre a tua cabeça (Rm 12:20 e Pv 25:21-22). Ele te exaltará.




Renata Lima 09/07/2008

terça-feira, 17 de junho de 2008

“Cristãos às Avessas”


“Vocês são o sal da terra; e se o sal perder seu sabor, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens. Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte” (Mateus 5:13-14).


Durante minha infância, um homem usado por Deus, falava-me todas as manhãs através de suas músicas. Lembro-me bem de uma canção que, enquanto minha mãe ia até a padaria, eu ouvia sentada no chão em frente ao som: “você lembra quando foi, que o senhor o separou dentre todos os amigos, dentre os entes mais queridos? E lhe encheu a alma toda de paixão tão desmedida, pelas almas, pelas vidas, que não sabem pra onde vão. Mas o tempo foi passando e a paixão se esfriou. Oh meu Senhor, responda-me: por quê?”* E lá eu ficava ouvindo.

Parece que naquela época tudo era mais claro em minha cabeça de criança: ame ao senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todo o seu entedimento e de todas as suas forças e ame ao seu próximo como a si mesmo (Mc 12:30-31). Mas o tempo foi passando e o “amor” ao próximo se esfriou.

Vivemos num momento em que mais do que nunca precisamos correr contra o tempo (será que precisamos mesmo?). Uma agitação nos cerca, não há mais “tempo pra nada”. Vivemos correndo de um lado pra outro, muitas vezes sem saber mesmo o porquê fazemos isto ou aquilo. Mas foi no meio deste corre-corre todo que lembrei de coisas que havia esquecido e me fiz – e faço a você agora – o seguinte questionamento: que tempo de nossas vidas temos dado para servir a Deus? Que tempo temos dado pra o “ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura?” Tenho amado a Deus e a meu próximo a ponto de fazer isto?

Não devemos nos conformar em ter o amor de Deus só pra nós. Não devemos ficar de braços cruzados enquanto tantos coitados não sabem ao certo pra onde vão, como diria o Pr. Paulo Cezar.

Mas o que tenho visto por aí é uma preocupação enorme com quem toca ou deixa de tocar no domingo a noite. Uma preocupação em fazer teologia pra quem sabe um dia, quando se aposentar, ser pastor (“afinal quem hoje é chamado por Deus?”). Uma preocupação em ser a todo custo e antes de qualquer coisa o médico(a), o professor(a), o advogado(a), a mãe, o pai, o namorado(a). Ser cristão (e nem preciso dizer ser cristão de verdade, porque cristão de mentirinha vai pro inferno) fica em segundo, terceiro, quarto... lugar. É quase uma identidade secreta, liberta no domingo a noite quando cantamos “venho senhor minha vida oferecer, como oferta de amor e sacríficio”, sem saber ao certo do que se trata.

Buscar o reino de Deus virou segundo plano (Mt 6:33). Primeiro vem minha vida, depois o reino, depois meu próximo – a quem devo amar como a mim mesmo. Muitos cristãos viraram “cristãos às avessas”. Deixaram de ser sal pra ser adoçante e nem perceberam que a luz que deveriam ser já se apagou faz tempo.

O que precisamos é ser obreiro aprovado que não tem medo do que se envergonhar, que maneja corretamente a palavra da verdade (II Tm 2:15), indo por todo mundo (rua, casa, escola, faculdade, trabalho) e pregando o evangelho a toda criatura.

Precisamos ser cristãos!


*Agradeço ao pastor Paulo Cezar (Grupo Logos), homem usado por Deus a quem tive prazer de conhecer.

Renata Lima
17/06/2008

Postado pela mesma.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

“Quem me julga é o SENHOR...”


Porque em nada me sinto culpado; mas nem por isso me considero justificado, pois quem me julga é o SENHOR. 1 Coríntios 4:4


Recentemente toda a nação pode se revoltar com o caso da menina atirada – possivelmente - pelo pai e pela madrasta da janela do quarto de seu apartamento. Há um pouco mais de tempo foi o caso do garotinho que foi arrastado por assaltantes por alguns quarteirões. Outro caso bastante chocante foi a do pai que manteve a filha aprisionada durante anos no porão da própria casa e que teve vários filhos com ela.

São fatos do nosso dia-a-dia que conseguem nos retirar a tranqüilidade por alguns momentos, mas que permanecem distantes de nós e que, no máximo, será o motivo de comentários do horário de almoço no trabalho, faculdade ou em casa. Nestas ocasiões, o senso de justiça de alguns se eleva a ponto de declararem suas sentenças: “se visse estes monstros que fizeram estas atrocidades, frente a frente, faria o mesmo com eles”. A despeito de tudo isso, estamos frios a tudo o que ocorre à nossa volta.

Somos assim e nem nos damos conta de que nos iniciamos nisto tudo pelas coisas que parecem não ter relevância do mesmo modo que eles. Aquilo que chamamos de atrocidades são, na verdade, conseqüência lógica de como olhamos nosso semelhante. Em nome de uma expressão pessoal incólume e desprovida de equívocos, somos capazes de muitas coisas, mesmo que para isso pessoas sejam preteridas e tratadas como “coisa”.

Isto é uma realidade em todas as relações. Casamentos infernais simplesmente porque um não admite o outro. Conflitos que se iniciam dentro de casa sem que nos apercebamos. Acabamos ensinando nossas crianças a serem indiferentes às outras. Na atual conjuntura de nossa sociedade, ainda mais, parece-nos imperioso agirmos como superiores e a necessidade de sermos melhores chega a nos consumir a ponto de levar-nos a romper quaisquer vínculos que entendamos como ameaça para nossos objetivos, alcançados pela nossa intransparência.

As outras pessoas se tornam insuportáveis quando o assunto é o nosso conforto. Agimos como se merecêssemos melhor tratamento e isso justifica nossa impaciência nas mais simples ocasiões. É o que nos impulsiona a burlar a fila do banco ou simplesmente ignorar aquela senhora grávida ou um idosa (o) dentro do ônibus no qual estamos sentados depois de um dia de trabalho.

Olhamos nas pessoas apenas o que nos convém e conseqüentemente o que sabemos sobre elas está adstrito às mesmas dimensões. Não nos aproximamos delas no sentido de conhecer “quem elas são”, mas “do que” elas representam e no que podemos ser beneficiados com isto. Por vezes tratamos as pessoas como instrumento de crescimento para o nosso ego e a importância delas se vincula ao êxito deste objetivo. É por isso que os desconhecidos mais ainda são subjugados e por vezes humilhados. Nossa existência torna a existência das outras pessoas tão humilhante quanto capaz de demonstrar nossa superioridade.

Se soubéssemos o que efetivamente somos, nosso próximo jamais experimentaria o nosso desdém, frieza, ou mesmo seriam “coisificados” por nós, muito menos serviriam como “degrau” para nossa subida desesperada, muito mais, estariam livres do nosso tão áspero julgamento. Jamais estaremos preparados para as pessoas enquanto não estivermos libertos dessa necessidade de superioridade. O sentimento que nos faz ter repúdio destas pessoas é também o maior responsável pelo o que eles fizeram. Precisamos nos libertar da necessidade de sermos melhores que as pessoas que nos rodeiam, precisamos nos libertar de nós mesmos.



Maurício J. S. Irmão
22/05/2008

terça-feira, 13 de maio de 2008

Eu Sou o que Sou

(E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós. Exôdo 3.14)


Se há algo interessante a ser verificado é a variedade de respostas dadas ao questionamento sobre “quem” ou o “que” é Deus. Defrontamo-nos com algumas definições do tipo: “Deus é amor”, “Deus é justiça”, ou ainda, “Deus é Deus”, ou, simplesmente, nos advertem quanto aos riscos que quaisquer pessoas correm ao tentarem adentrar neste tipo de assunto, concluindo que Ele é “mistério” acrescentando: “você vai se queimar”.
Fora do que se pode entender de um pensamento puramente cristão, muitos têm entendido, não por acaso, mas em razão de grande influência das religiões orientais, que Deus não seria uma pessoa, mas uma força ou uma energia. Neste sentido, o que eles negam é a pessoalidade de Deus, afirmando que o criador não seria um ser dotado de personalidade e de sentimentos, mas que simplesmente existe sem saber que existe e muito menos que existimos em sua própria inexistência ou ainda, que involuntariamente nos criou e tudo que nos cerca.
Noutra vertente, parece mais acertado desconsiderá-lo por completo assumindo uma corrente puramente existencialista, afirmando-se “ateus”. Pois é, em se tratando de Deus cada um pensa o que quer.
Embora pareça adequado para alguns pensar sob esta influência, detectamos problemas neste tipo de entendimento. Vejamos: nesta perspectiva, segundo o Rev. Cáio Fábio, se isto fosse verdade estaríamos, enquanto criatura, dois passos à frente de Deus. Ora, se ele é uma energia, e não uma pessoa, então não pode saber que existimos, nem sequer que ele mesmo existe. Entender assim, conforme acentua o Reverendo, parece-nos contraditório.
Não pretendo estabelecer um conceito a Deus e, mesmo que quisesse, reconheço, não conseguiria, ninguém conseguiria. Tampouco, pretendo solapar os posicionamentos aqui trazidos, mas tão somente tecer esclarecimentos não quanto a quem ele é, mas na tentativa de explicar o porquê desta limitação humana de entender Deus, não a partir de uma visão pessoal, mas dentro de uma perspectiva bíblica, sem intencionar “martelar” a última palavra sobre o assunto, em vista da sua complexidade.
Em primeiro lugar cabe salientar que reconhecidamente é difícil falar sobre Deus em termos conceituais. Antecipadamente, posso dizer que nenhum adjetivo, nem os comumente utilizados para expressar a pessoa de Deus são capazes de defini-lo, inclusive os que estão empregados na Bíblia. É impossível “engessá-lo” num conceito humano, talvez por isso não tenha, na Bíblia, um capítulo específico sobre o assunto, mas com certeza por não ser a finalidade da bíblia.
Trata-se de uma questão de linguagem. A linguagem não pretende ser real – ela apenas representa algo – e, mesmo quando a chamamos realista, na verdade o que dizemos é que se encaixa ao que de fato está à nossa volta. Tudo que, por meio das palavras externamos sentido algum teria se não provido de um contexto fático. As palavras que nos adjetivam só conseguem fazê-lo por verificarem ao nosso derredor elementos capazes de dar significado ao que escrevemos ou lemos dentre outras formas de linguagem.
Nestes termos entendemos que à linguagem se impõe uma limitação intrínseca, pois qualquer conceito que tenhamos é mera representação do que vemos ou ouvimos ou até mesmo acreditamos, sendo que em quaisquer dos três – vemos, ouvimos e acreditamos – sempre haverá o nosso emocional “colorindo” as imagens que nossa mente constrói.
Conseguimos expressar o que sentimos porque utilizamos mais do que linguagem. Eis uma das razões que motivam o entendimento de que não há adjetivos para Deus por não ser verificado num contexto igual ao nosso. Se um conceito pudesse compreender tudo que integralmente diz respeito ao objeto, simplesmente, deixaria de ser uma expressão e seria o próprio objeto. O fato é que os adjetivos não podem dar significado nem aos homens nem a Deus.
O primeiro adjetivo dado a Ele no texto bíblico é o de criador: no princípio criou Deus os Céus e a terra (Gn. 1.1.). Podemos dizer que quaisquer atributos (adj) de Deus traduzidos em nossa linguagem resultam desse primeiro ato, o da criação e, portanto, não podem dizer quem ele é. O termo criador a ele atribuído não teria real significado se seu contexto fático se comparasse ao nosso. Não podemos usar um adjetivo humano para Deus e dotá-lo do mesmo significado, em vista do contexto, dado à nossa linguagem.
A nossa expressão, portanto, do atributo de Deus enquanto criador e seus desdobramentos refletem essa nossa limitação, pois, quem Ele é antecede ao que somos. Não podemos, adequadamente, adjetivá-lo; nossos conceitos acerca D’ele não são satisfatórios, sequer há palavras para Ele, pois se houvesse nada justificaria a nossa impossibilidade de conceituá-lo. Redigo que não pretendemos dizer quem Ele é, mas dá significado ao que dizemos Dele.
Não se trata de uma questão normativa, mas essencial. Os adjetivos que empregamos a nós mesmos se submetem à limitação imposta por Deus, não na Lei, mas em seu ato criativo nos diferindo Dele em essência, pois não pretendia criar outro deus, mas quem o adorasse. Se não houvesse estabelecido o bem e o mal e, mesmo assim, criado o homem, simplesmente não seria Deus porque não haveria disparidade entre e criador e criatura, sequer seríamos criatura, mas deuses. O ponto de partida da criação é a diferença que só admite sejamos semelhantes, à sua imagem. Quaisquer adjetivos humanos, portanto, estão abaixo desta diferença conhecida na Lei.
Ora, a diferença entre Deus e o homem não é estabelecida pela ordem dada que não comesse do fruto proibido. A lei, no Éden, apenas mostra o que diferia Adão de Deus e não era propriamente esta diferença, apenas a expressava, enquanto realidade, e cominava uma sanção caso fosse desconsiderada. Neste sentido, o pecado é a transgressão da Lei, não pura e simplesmente por arbitrariedade de Deus, mas por conseqüência lógica da criação. Transgredi-la, implica na desconsideração não só da letra, mas da essência da criação pela letra, refletindo uma inversão de papéis em que o homem, ao desconsiderar a Lei de Deus, mais do que isso, desconsidera a diferença entre ele e o Criador, tornando-se senhor de si mesmo. A letra seria inócua e injusta se não expressasse uma realidade.
Trata-se da sujeição do homem não à lei, mas a Deus por intermédio da lei. De igual modo à Lei, que não estabelece a diferença entre Deus e o homem, mas a expressa, a nossa linguagem está submetida à dualidade que resulta do bem e do mal que se deu ao homem conhecer por intermédio do pecado. Não estou dizendo que a dualidade é resultado da queda, mas que só houve a queda por ser o homem dual. Pura e simplesmente por ser variável, ao contrário de Deus que a ninguém se submete.
Está abaixo da Lei é está abaixo do Bem e do Mal. E Deus não pode se submeter ao bem e ao mal porque assim admitiríamos outro deus acima D'ele. Todo e quaisquer adjetivos, por sua dualidade, estão voltados para o homem que, por sua vez, se vincula à Lei, justificada pela diferença entre Deus e o homem, a saber, o bem e o mal.
Significa dizer que ao homem se impõe um conflito, obedecer ou desobedecer. Ser bom ou ser mal depende do modo como se reage a este conflito. A Deus não se impõe nenhum conflito, pois não há outro DEUS. Só Ele é completo em si mesmo! Admitir que pudesse desconsiderar sua própria lei é o mesmo que deixar de ser Deus, pois seria dual como nós.
Verificamos que nossa impossibilidade em falar sobre Deus e o "medo" que, por vezes, temos de fazê-lo, se justificam na nossa própria natureza. O bem e o mal representam um conflito que não se impõe a Deus. Vimos que ambos são princípios contidos Nele, sem que seja mal ou mesmo bom! Uma coisa ou outra refletem a reação de quem se submete ao conflito. A submissão ao conflito requer a diferença contida na Lei, que não é o conflito, mas que o expressa. A Lei é a expressão de algo que é real: DEUS e o homem são diferentes. Este foi o conflito que antecedeu a queda do homem: ser Deus ou ser homem?
Tudo que se sabe sobre Deus diz respeito à sua imagem: JESUS, O CRISTO. A pouco disse que nem os adjetivos que estão contidos na Bíblia podem definir DEUS adequadamente. Como tudo mais que diz respeito ao homem, a nossa linguagem é dual. A Bíblia, embora inspirada por DEUS –fato que não questiono – é realizada em linguagem humana, logicamente. Portanto, limitada como nós. Ora, se DEUS não se submete ao bem e ao mal, tampouco à nossa linguagem!
Como poderíamos entender que um DEUS que a nada se submete, a quem nenhum conflito se impõe, chamaria de sua palavra letras que se submetem ao conflito da criatura perante o criador. Dizer que a Bíblia é a palavra de Deus é, portanto, reluzi-lo a um de nós ou no mínimo entender equivocadamente o que quer dizer quando se refere à sua palavra. Por isso, utilizou-se de homens para escrevê-la. Estes só puderam atingir tamanha profundidade em razão de haverem sido inspirados por Ele e por vivenciarem a partir da fé o que escreviam.
Assim digo, porque o texto é em linguagem humana, e por assim ser submetido à dualidade que há no homem. Eles expressam, dentro de suas limitações, uma realidade conhecida por poucos. O que dá significado ao texto bíblico é o fato de exprimir uma realidade. As palavras não podem defini-lo porque não são proferidas por Ele. Nenhum adjetivo que admita conflito pode satisfatoriamente definir Deus. Isto quer dizer que nenhum adjetivo pode fazê-lo.
Nossa impossibilidade de conceituar a Deus é puramente essencial e depois lingüística e normativa, pois nossa essência antecede tudo o que nos envolve. Nossa essência nos submete a Deus e depois à sua Lei, pois tudo que Ele é antecede ao que nós somos e não há nada que tenha criado que dê mais significado ao que Ele é. Deus é Deus independente de tudo e de todos!
Conhecê-lo é muito mais que conhecer os escritos bíblicos. Uma relação com Deus está longe de ser uma relação apenas com o texto. A palavra de Deus só admite ser expressa por ele mesmo. Não destituo a Bíblia da sua importância, apenas digo que sua grandeza está em relatar a verdade e não de ser a verdade.



Maurício 13/05/2008

terça-feira, 6 de maio de 2008

Felicidade, onde está?



A busca por realizações tem sido em grande parte, a maior causadora de problemas de relacionamento no mundo. Alcançar! Conquistar! Expressões como esta, permeiam nosso subconsciente, declarando uma guerra desesperada contra tudo e todos. Isto porque sem estas realizações nos entendemos infelizes, ou mesmo, incompletos. O fato é que todos desejam um lugar ao sol.

O que nos agrega, enquanto sociedade, não é a afetividade ou o amor, mas o interesse. Se observarmos, quando agimos sem pensar, na verdade agimos pensando em nós mesmos. A felicidade, no entanto, não está atrelada "ao que" alcançamos, mas "em quem" pode nos alcançar. Não se deve entender que esta pessoa é um príncipe encantado ou princesa, porque não existem.

O que vemos são homens e mulheres com defeitos e qualidades e depositar nelas o suprimento da nossa carência seria responsabilidade insuportável para qualquer pessoa.

Comumente se diz, em resposta para isso, que devemos olhar não para o que temos ou queremos, mas para quem temos ao nosso lado. Eu, no entanto, vou mais além. Digo que não é quem está à nossa volta, mas quem está acima de nós que devemos enxergar. Só assim enxergaremos quem está ao nosso redor da forma devida.

O fato é que estamos carentes. A nossa carência não é material, mas espiritual e por isso não pode ser suprida por nós mesmos. Nunca conseguiremos suprir um vazio espiritual com atitudes carnais. Sempre nos frustraremos quando olharmos para quem está ao nosso lado e esperarmos o que não podemos oferecer: perfeição.

A luta continua e não deve parar. Mas o amor ao próximo é que deve permear nossos objetivos e sonhos. Assim entenderemos que a nossa completude está fora de nós mas não está em ninguém ao derredor. Só há satisfação em Jesus, ele é a felicidade e no-la concede para que, dela, sejamos despenseiros em fé e obras. Pense nisso! As pessoas que estão à sua volta precisarão da sua felicidade. Deus te abençoe.


Maurício J. S. Irmão
03.11.07

O Eu Crucificado


É preciso reconhecer que, quando pecamos, realizamos a nossa própria vontade1. Alguns querem insinuar que, quando pecam, realizam a vontade exclusivamente de Satanás. Ao contrário, a vontade é nossa, não obstante agrade ao Diabo que se contenta com qualquer atitude nossa que desagrade a Deus. Quando dedicamos nossa vida ao pecado, portanto, transferimos a glória de Deus para nós e isto é, indubitavelmente, abominação para Deus.


E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada
dia a sua cruz, e siga-me. Lucas 9:23
Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela suaprópria concupiscência. Tiago cap. 1.14

Quando exige de nós a "renúncia", tão resistida por alguns, justifica-se, primeiramente, por ser um exemplo vivo de renúncia porque não dizer de humilhação, em segundo lugar, por não transferir a sua glória para ninguém. Quando satisfazemos nossas vontades deixamos de "satisfazer" a de Deus. Transferimos a glória de Deus para nós mesmos quando fazemos a nossa vontade tão determinante em nossas atitudes quanto deveria ser a de Deus.
Pecar é desconsiderar a pessoa de Deus e sua vontade, isto é, quando nos atribuímos o caráter de "soberania". Não se pode agradar a dois senhores.
Tomar a cruz, antes de qualquer coisa é resultado desta renúncia, ou seja, reconhecer a soberania de Deus sobre nossas vidas. Quaisquer atos em nós destituído deste sentimento, por mais nobre que humanamente possa parecer é abominação para Deus, pois é destituído de Fé!
Podemos até estar em nossa comunidade realizando as atividades e demonstrando empenho nos serviços propostos, mas se estas ações não resultarem de fé serão simplesmente vazias para Deus. Não há nada que façamos de nós mesmos que possa agradá-lo.
É senso comum atribuirmos à cruz o sentido de sofrimento, de peso, de carga, por vezes, até associamos a algum problema em especifico ou mesmo uma pessoa que, na maioria das vezes, pertence a nossa família; o fato é que a cruz, a despeito de tudo isso, representa a rejeição do mundo em face da aceitação de Deus. Belo exemplo disso é a morte de "Abel" causada pelo seu irmão "Caim". Ser aceito por Deus implica, necessariamente, na rejeição pelo mundo.
A rejeição, não deve ocorrer em virtude de pecados, problemas relacionais ou até por incoerência do que pregamos em relação ao que vivemos. Daremos causa a nossa crucificação do mesmo modo que Cristo: Vivendo o evangelho genuinamente! É assim que se segue a Jesus, O Filho do Deus Vivo!


Maurício Irmão.

07/08/07