quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A ingênuidade "evangélico/cristã" é uma benção!!!




Queridos amigos, boa tarde.

Tenho recebido e-mail's relacionados ao texto anterior que escrevi: http://despenseirodagraca.blogspot.com/2010/09/ignorancia-dos-outros-e-uma-bencao.html.

Achei que seria bom compartilhar.

É claro, não estou identificando a pessoa, sobretudo porque não a conheço.

Boa reflexão, às vesperas da Eleições 2010.

Juízo meu povo!!!

Maurício

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Graça e paz!


Recebi atraves de uma querida irmã seu comentário sobre o vídeo do pr Piragine

Tenho comigo algumas questões, a saber:

1. Aparentemente, me parece que o irmão está defedendo que deixemos as coisas como estão e não nos posicionemos com nossos princípios em nada.
2. Me parece que o querido deseja que continuemos calados, mesmo dizendo para pregarmos o Evangelho.
3. Me parece que o irmão fala de fora da igreja, como se dela não fizesse parte, sendo assim, não está sendo sincero, quando está tentando nos passar uma visão de pessoa sincera e preocupada com o destino da mesma igreja.

4. O querido nos convoca a pensar criticamente, mas quando o faz, deseja que o nosso pensamento crítico não cause alterações na sociedade.

5. Me parece que o sr não compreende que o movimento de Jesus Cristo e dos apóstolos no início era um movimento social de mudanças (e lhe afirmo que não sou partidário de nenhum movimento político e não tenho preferências partidárias!)

6. Qual a sua posição, afinal de contas? vc acha que "pregar o Evangelho" não nos trará grandes problemas sociais, como outrora já causou na vida de milhões de cristãos e de muitas nações?
7. qual a sua resposta, então? não devemos votar? E ao votarmos não devemos levar em conta nossos princípios bíblicos? O seu discurso me parece contraditório!

8. Por último: o "irmão" é cristão mesmo? E afianl, você votará no partido do Governo, mesmo em detrimento às nossas posições cristãs? E não só isso, votará em qualquer partido que se oponha frontalmente aos princípios da Palavra?
Na Antiguidade e em poucos países de hoje, os governantes eram e são impostos ao povo por uma série de circunstâncias: Parlamentos, Conluios, Herança e "sangue real", mas na maioria do mundo ocidental e em alguns outros países fora desse eixo, os governantes são colocados por voto popular, por escolha pessoal, mesmo quando em nosso caso, Brasil, o voto seja obrigatório. ainda assim, votamos em quem queremos!

Então, encerro dizendo que no caso bíblico, defendido por Paulo em Romanos 13 que os governantes e magistrados são instituídos por Deus, é um caso de interpretação cultural, pois em nossos dias, eles são colocados por nós. E qual a nossa participação nesse processo? Nenhuma?

Por fim, o que escrevi para ti é o que está me parecendo! Será que é isso mesmo?


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xxxxx , bom dia.

Desconheço qualquer 'outra' causa de Cristo que não seja a Cruz! Veio ao mundo para, vivendo, poder morrer; e morrendo fosse vivificado não apenas em nosso lugar, mas a nosso favor.

Pregava o Reino: arrependimento para remissão de pecado! Enquanto isso, curava, ouvia, recebia pecadores, etc...

Mas ele mesmo se refere a sua missão: "comer o alimento que não podeis comer, cumprindo a vontade daquele que me enviou"

Dito isto, afirmo: não adianta nos posicionarmos como evangélicos se não somos discipulos de Jesus! Estar na 'igreja' e ser Igreja são coisas bem distintas! A questão não é se estou dentro ou fora, mas se o que digo é conforme o evangelho ou não.

Lendo suas questões me pergunto:

"É possível que alguém tenha, de modo tão atrelado, o conceito de sinceridade apenas do ponto de vista da unção do templo?" Ou seja, só conseguimos ser sinceros mediante a vigilância do templo, mas o que foi que Jesus respondeu mesmo a mulher samaritana? Onde se deve adorar, qual o melhor lugar? Aqui ou ali, dentro ou fora? Com a vida ou com o status funcional adquirido no templo?

Infelizmente para muitos de nós o púlpito é uma muleta, estamos debruçados sobre ele incapazes de saírmos do lugar.

Me parece, a partir das questões, que aquilo que é dito "dentro da igreja" é evangelho, por isso, ao final tudo é evangelho. Pensando assim, a igreja é que dá validade ao Evangelho e não o contrário. Segundo Jesus, todavia, O Evangelho é que norteia e define o que é Igreja/Corpo de Cristo e o que são as sinagogas de Satanás, dirigidas por seus emissários, a quem muitos nominam de pastores, bispos, apóstolos e etc...

O que digo é que conforme o Evangelho, a igreja está calada para aquilo que devia dizer neste mundo há muito, mas muito tempo.

E outra, quem acusa a igreja é Satanás!

O que digo é que a igreja evangélica desaprendeu a discernir! Por isso acham que se posicionar é grande coisa, que esse é nosso papel. Dizer o que pensamos sobre a sociedade não porque queremos transformá-la pelo poder do Evangelho, mas simplesmente porque temos nossos "direitos de evangélicos".

Somos um 'gueto' de idiotas! Fazendo em nome de Jesus aquilo que Ele mesmo nunca fez. Manipulando os votos dos hermanos evangélicos vamos mudar sim as leis da "sociedade", mas nunca a vida da pessoas.

Você diz não ter preferências partidárias, mas porque me escreveria então... por amor ao Reino de Deus, ao Evangelho?

Cada um deve votar em quem quiser, conforme sua própria consciência!

Sua interpretação sobre Romanos 13 me chamou a atenção; Quer dizer que é cultural e que, por isso, nós decidimos?

A igreja evangélica matou Deus! Se não é Deus quem institui, como entender o que Jesus disse a Pilatos? E mais, o povo escolheu Saul... Deus admitiu apenas para castigar a maldade do povo, mas quem ao final Deus levantou como Rei?

E você acha mesmo que se posicionando como evangélicos, com valores ingênuos/cristãos [que não tem a ver com Jesus, nem com a Bíblia e com o Evangelho eterno de Deus], mas que foram inventados pela igreja evangélica dominante farão de fato com que Deus recolha sua mão do juízo, em face de nossa impiedade?

Se nem o Rei Josias com toda a sinceridade de seu coração conseguiu evitar o juízo de Deus, quanto mais a igreja evangélica...


Em amor,

Maurício Irmão

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A ignorância “dos outros” é uma benção!



A dita mais famosa frase do filme Matrix se aplica aqui direitinho: “a ignorância é uma benção!”. A fora toda aquela conversa que diz respeito à Psicologia, Sociologia, e todas as outras “gias” que hajam por aí, eu diria: Em tempos de eleição a ignorância é boa pra quem? Para o ignorante ou para os que usam de sua ignorância?

É por acreditarem na segunda opção, já que ignorância é pimenta no olho dos outros, sempre dos outros, que o vídeo do Pr. Paschoal Piragine “Posicionamento... Eleições 2010” tem se propagado como a voz que clama no “deserto” evangélico, mas com a velocidade e aceitação social da H1N1;

Fala que nós, como igreja evangélica, portanto detentores da ética e moralidade social, precisamos nos posicionar nestas eleições, cuidando para não votar em quem já tem voto fechado com causas pecaminosas: “institucionalizar” o pecado em forma de lei; ainda adverte: “se isso acontecer, o Senhor julgará a sua terra”. Mas se fosse só isso os evangélicos do nosso país diriam: “mas o Senhor tem que julgar mesmo, esse bando de pecadores miseráveis”. Daí ele completar: “E se o Senhor julgar a nossa terra, como também estamos aqui, recairá sobre nós tais implicações”.

Tudo isso para dizer ao final que não se deve votar em tal partido!

Só com a benção da ignorância é que alguém pode disseminar algo assim e ainda levantar a bandeira da moralidade e da ética. É incrível como queremos fazer uso de outros poderes, que não o do evangelho para consertar o mundo. Por isso mesmo, queremos consertá-lo e não transformá-lo! O evangelho não conserta nada, mas transforma!

Por isso a verdadeira voz que clamou no deserto, que endireitou os caminhos do Senhor, que pré-anunciou a luz dizia enquanto batizava: “Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira divina?” Como quem diz: “Vocês acham possível manobrar o juízo de Deus, com boa pinta de moralidade e ética?”

Minha oração é que aprendamos a discernir!

No passado, conforme nos narra o velho testamento, foi o próprio Deus quem soprou a Moisés qual a sua Lei e regulamentação. Pergunto: isso impediu o povo de se perverter consolidando a prática do pecado como modo de vida? Transformaram a verdade de Deus em pura idolatria.

Paulo nos orienta: “Enchei-vos do Espírito”.
É preciso imprimir “valores do evangelho” em nossas vidas e não em leis humanas, que atendem a interesses humanos. Jesus diria, conforme disse a Pedro: “Arreda, Satanás! Cogitas das coisas que diz respeito a homens, mas não das que se referem a Deus”. E mais: “Não há como por remendo novo em tecido velho!”

O vídeo parece ter boas intenções. Porém, toda argumentação gera uma sentença na cabeça das pessoas e quando é o caso da defesa anteceder a acusação [já que esta declaração do pastor não parece ter sido provocada] é mister [ou comum] que o defensor se prenda com detalhes ao que é irrelevante e trate em linhas gerais aquilo que provavelmente é o cerne da questão.

Desse modo, Piragine deixa de destacar alguns pontos importantes:
A lei está para a sociedade e não o contrário! E permanece em constante mutação. O ordenamento jurídico é pensado de modo genérico, porque cada geração carrega consigo valorações díspares. E isto influêncía para que as leis do nosso país tomem rumos antes inimaginados.

As leis, todavia, não são um modo célere de acompanhamento das mutações sociais. As sentenças dos juízes que também deixam a desejar no quesito velocidade, são mais eficazes. De modo que, há sentenças que julgam baseados em legislações antigas com entendimento atualizado, por assim dizer.
É assim que funciona!

O casamento, por exemplo, advém da manifestação de vontade de duas pessoas que se amem ou não, desde que preenchidos os requisitos legais. A mesma lei que regula como deve ser o casamento, por um lado, por outro, disciplina a separação e o divórcio. A pergunta não é porque estão se casando, mas se ambos preenchem os requisitos legais para fazê-lo.

Temos que deixar o romantismo de lado. Ora, se hoje todas as leis do País fossem revogadas e a Bíblia inteira fosse instituída como regra social obrigatória, o que mudaria? E mais, o que muda se tais leis não forem aprovadas?

Isto mesmo, NADA! É preciso confrontar a prática do mal [iniqüidade] com a prática do bem [conforme Jesus, o Evangelho] e não com leis cujos valores são “político/cristãos”.

As leis são o reflexo de uma sociedade! E não é deixando de votar em tal e tal partido que isso vai mudar.
Transformando a Sociedade, transformaremos os paradigmas atuais e os que estão por vir. Foi assim que Jesus fez e ensinou. As moças continuarão abortando como já fazem, os gays não deixarão suas práticas simplesmente porque alguém chegou e disse: "a lei não permite!" Do contrário, ninguém mataria, usaria drogas, ou coisas muito piores.

Mas a pergunta não é o que ganha o Reino de Deus com toda essa politicagem evangélica, mas o que ganha a Igreja Evangélica, agora devidamente associada e prostituída. Não ficará pedra sobre Pedra!

De um lado tem os que pregam que os fiéis precisam devolver ao Senhor suas ofertas e dízimos e tudo estará bem, enquanto caminham sorridentes para o inferno e como se fosse pouco, do outro lado há os dizem: a solução é negar o poder do Evangelho e escolhermos alguém que nos mantenha acomodados nos nossos templos, por meio de seu poder político!

Estas coisas destacadas, cabe dizer: tais leis pecaminosas denunciam nossa inércia, nosso sono profundo! Queremos evitar o pecado? Não, do contrário pregaríamos o Evangelho testemunhando da Graça de Deus; queremos que tudo permaneça como está, em silêncio, quieto!

É isto que acontece quando se come palha ao invés de trigo!

Maurício Irmão

Recife, 17 de Setembro de 2010.



segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Caim e Abel, homens como nós!


A narrativa destes dois filhos de Adão e Eva consegue nos expressar bem o que aconteceu depois da queda; questionamento aparentemente sem resposta reside no porque da aceitação de Abel e mais ainda, na rejeição de Caim.

Não há nada na Bíblia que indique que o sacrifício de Abel tenha sido mais bonito, ou melhor, muito menos nada que super qualifique a atividade de quaisquer dos dois que pudesse dar critérios a Deus para fazê-lo aceitar ou rejeitar a oferta de um ou do outro. Não havia nada na oferta de ambos que tornasse uma melhor que a outra.

Para nos esclarecer o que houve naquele episódio, o apóstolo Paulo no livro de Hebreus passa a falar com muita profundidade sobre a fé e diz: “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam” Hb. 11.6.

Continua Paulo falando no mesmo capítulo no verso 4: Pela fé Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim; pelo qual obteve o testemunho de ser justo, tendo a aprovação de Deus quanto às suas ofertas. Neste sentido, podemos ainda usar o que nos ensina o livro de I João, capítulo 3, versos 11 e 12 que diz: Porque a mensagem que ouvistes desde o principio é esta, que nos amemos uns aos outros; Não segundo Caim, que era do maligno e assassinou seu irmão; e porque o assassinou? Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas.

No livro de Romanos, especificamente no capítulo 5, entendemos que a fé é que nos justifica para a vida eterna, concedida não por direito, mas por graça. A fé salvadora confirmada no sangue do cordeiro, nosso Senhor Jesus Cristo, autor e consumador da nossa fé.

A fé, em sua essência, é o meio pelo qual o homem se reaproxima de Deus por intermédio de Jesus Cristo. É admitir que a salvação não reside em nós e que não é alcançada pelo que fazemos. As nossas boas obras, sem fé, isto é, sem uma relação com Deus é abominação. É o que fundamenta a nossa esperança e nos faz ter convicção do que cremos. É por meio dela que alcançamos vida eterna, pois antecede a graça. O favor divino é a vida pela graça, resultado último da fé. É ela que inicia e dá prosseguimento ao processo de santificação, sem a qual bem sabemos não veremos a Deus. Posso sintetizar da seguinte forma:


a) A fé: Com a queda o homem, ao menos no sentido de conhecer o bem e o mal, se igualou a Deus, cf. cap. 3. v. 22, que diz: “O homem agora se tornou como um de nós, conhecendo o bem e o mal”. A fé, portanto, desencadeia um processo de purificação no homem, pelo qual deixa de ser “Deus”. Por isso, a renúncia é tão forte no discurso de Jesus Cristo. O processo denominado de santificação ou de purificação se fundamenta na fé que não vem de nós é dom de Deus a fim de que ninguém se glorie (Efésios 2.8), mas do Senhor Jesus. É essencialmente o que fundamenta a nossa esperança, isto é, o que nos faz crer que mesmo merecendo a morte teremos vida eterna em Jesus Cristo.

b)A graça: Enquanto, no Éden antes da queda, Adão se mantivesse obediente, jamais Deus o mataria. Neste sentido, a vida no Jardim do Senhor representava um direito, tornando o próprio Deus descumpridor da lei caso retirasse do homem a vida sem que pecasse, pois neste caso se tornaria tão injusto quanto nos tornamos com a queda. Portanto, diferentemente de Adão que gozava a vida por direito, nós só a teremos pela graça, pois o direito perdido por Adão foi resgatado por Jesus que obedeceu (Filipenses 2:8) até a morte para resgatar a vida e se entregou na cruz do calvário para, numa sentença comum, poder nos devolvê-la, não mais como um direito mas como um favor, portanto, sem merecimento ou como nos ensina Paulo, pela Graça mediante a Fé. Cf. Romanos cap. 5, v. 1-3.

c) No livro de João capítulo 15, v. 19, Jesus orando disse: Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia. Aprendemos que a aceitação de Deus gera a rejeição do mundo. A morte de Abel esclarece que não se pode ser aceito por Deus e pelo mundo, pois são completamente distintos por isso auto-excludentes.



Após o assassinato de Abel, Deus do mesmo modo como questionou a Adão no Éden sobre onde ele se encontrava (cap. 3.9,10), perguntou a Caim sobre seu irmão (cap. 4.9). Se observarmos as duas respostas, o medo do primeiro e a ousadia do segundo poderemos verificar como a rebeldia havia se multiplicado no coração do homem tão rapidamente.

Contudo, sabendo que a morte de Abel é resultado da aceitação de Deus não admitida pelo mundo, duas atitudes de Deus em relação a Caim merecem maior reflexão. Na primeira, Deus o cientifica da sua condição: maldito! (4.10,11); na segunda, após o reconhecimento de Caim da sua impossibilidade de perdão, (4.13,14) dizendo que quem com ele se encontrasse o mataria, Deus no verso 15 responde o seguinte: Assim qualquer que matar a Caim será vingado sete vezes. E pôs o Senhor um sinal em Caim para que o não ferisse de morte quem quer que o encontrasse.

A pergunta que se insurge é a seguinte: como Deus poderia fazer uma “aliança” com Caim mesmo em vista da sua rejeição e maldição?

A resposta que encontramos parece-nos simples quanto ao entendimento e ao mesmo tempo profunda para as nossas vidas. Vejamos: Relembro que o que tornava as obras de Abel justas não se originava nele, mas em Deus, pois não há no homem decaído nenhuma qualidade destituída de Deus (Hb. 11.4). Digo que deste ponto de vista, nada de diferente havia entre Caim e Abel. O gesto de Deus não particulariza Caim, pois este pacto de paz entre Deus e o mundo é reafirmado por Deus com toda a criação decaída quando Noé, ao receber a ordem de Deus sai da arca com sua família.

A mesma fé que fundamentou as obras de Abel e que nos justifica imerecidamente aos olhos de Deus não nos confere posição de julgadores, mas a de amantes do nosso próximo sem que façamos distinção ou acepção de pessoas por nossa igualdade; não nos diferencia do mundo quanto a nossa humanidade e queda, mas por um atributo seu: Fé. Portanto, não havia nem há quem pudesse exercer juízo sobre Caim na terra. Embora o ato de Caim tenha sido destituído de fé, isto não o torna inferior a nenhum outro ser decaído, nem nos torna melhores do que ele. Somos tão decaídos quanto Caim e Abel foram. Devemos ter em mente que não é o trigo que se separa do joio, mas o semeador que a seu tempo procederá à divisão.

Pensa nisso!
 
Sem. Maurício Irmão - SPN
Escrito em 21/11/2007

terça-feira, 15 de junho de 2010

“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”


É triste ver o quanto as pessoas mistificaram a vontade de Deus e, mais do que isso, ver o quanto essas pessoas se fizeram manipuláveis, “negócio de outrem”, como diria o apóstolo Pedro, por causa disso.

Ouvir pessoas em dúvida quanto ao que devem fazer para Deus é muito comum atualmente. Vemo-nos freqüentemente esperando de Deus algum tipo de resposta objetiva, do tipo faça isso ou aquilo. Por vezes procuramos na Bíblia algo que pareça nos dizer objetivamente o que fazer.


Todavia, Salomão pediu sabedoria, discernimento, quanto a nós, queremos uma resposta. Mas não seria uma resposta direcionamento, mas uma resposta quanto ao atendimento de algo almejado por nós. Afinal, “que Deus faça conforme o desejo do nosso coração”.

O Apóstolo Tiago nos ensina que, se não a temos, devemos pedir a Deus por fé; sabedoria que nos ensina a viver, que procede de Jesus do ponto de vista do evangelho, considerando os interesses do Reino.

A sabedoria deste mundo nos impõe crer que Deus, em Jesus, fará e dirá tudo aquilo que nos apetece o coração, nosso enganoso coração. Servir a Deus hoje nada mais é do que buscar desesperadamente uma resposta atendimento, do mesmo modo que se faz na Umbanda, afinal, Deus é maior do que Exu Caveira, sendo, inclusive esta a razão de sermos evangélicos; e de auto-afirmação numa disputa de virtudes, onde ao final o que é aferido é o grau de intimidade, não quanto à obediência a Deus, mas no que diz respeito ao tráfico de influência realizado com aqueles que não possuem tanto achegamento assim a Ele.

Neste sentido, “ungido de Deus” é aquele que se põe diante de Jesus, mas de costas pra Ele e de frente para as pessoas. É aquele que se institui como “intermédio” do intermédio de Jesus. E diz: “antes de chegar a Ele é preciso passar por mim, mediante aquilo que Deus tem proposto em nossos corações”. Isto é porque temos procurado quem possua boas propostas, mas não quem aderiu à proposta da Verdade e do Amor, conforme Jesus.

A igreja, por assim ser, é o lugar onde toda a perversão é ensinada e alimentada. É um lugar mágico e isolador, possui caracteres de seita, pois já não caminha na luz. É preciso um bom tempo de freqüência e uma indicação para que possamos participar de determinados tipos de culto.

Mas não estamos preocupados com nada que esteja relacionado ao Reino; a verdade é que para desfrutar de todas as regalias que atrai alguém ao pastorado ou liderança [que é objeto de desejo e promessa “divina” aos membros e congregados, inclusive sendo a razão de todo conflito] é necessário fazer o “trabalho sujo”. É preciso figurar como se estivéssemos preocupados de verdade, como se guardássemos pertinência com aquilo que dizemos ser. Muitos figuram como pastores e missionários, mas pastoreio e missão de verdade são mais freqüentes fora dos ambientes de igreja.

Há pouca igreja dentro das “igrejas”, na verdade o chamado é para salgarmos, iluminarmos o mundo! Não precisamos ser “profetas” para sabermos que práticas ‘rechaçadas’ dos nossos dias estarão presentes nas igrejas de amanhã, inclusive nas históricas, por assim dizer. Um absurdo hoje, algo normal amanhã!

O fato é que não dá pra conter aquilo que a Bíblia narra como certo de ocorrer!

Vivamos o presente século a despeito de tudo que permeia a igreja evangélica de nossos dias, conforme nos orienta o Senhor.

Há um abismo entre ‘ser’ igreja e ‘estar’ na igreja; muitas estão, mas poucos são na verdade.


Fé, Paz, Graça e Vida!

Sem. Maurício Irmão

1ª IB Jardim das Palmeiras/STCN

Início: 08.06.2009
Meio: 09.06.2010
Término: 15.06.2010




quarta-feira, 10 de março de 2010

“DONA BIA”



De minha infância lembro-me de muitas coisas. Uma delas ocorreu por volta dos anos 91 e 92, onde tinha entre 9 e 10 anos de idade. Morávamos no que chamamos aqui em Recife de “corredor de quartos” que nada mais é do que um cortiço. Diversas famílias moravam lá.

Neste ambiente, conheci pessoas. Muitas das quais tinha muito medo, eram assustadoras, mal humoradas o tempo inteiro, outras eram alegres, mas ainda assim assustadoras. Dentre essas pessoas conheci Dona Bia, ou como gostava de ser chamada: Senhorinha!

Dona Bia já era bastante idosa, não sabia nem a idade [pelo menos era o que dizia], mas falava de lembranças onde seu avô a levava para ver escravos no tronco! Não posso asseverar a verdade disto, mas se ainda podemos encontrar trabalho escravo nos dias de hoje, imagina alguns anos após a pseudo-abolição da escravatura? Mas o que interessa é que Senhorinha tinha por volta de uns cem anos, naquela época.

Ela trazia consigo costumes antigos, por exemplo: mascar fumo; mascar gengibre e, pior, mascar alho; passava o dia inteiro mascando um dente inteiro de alho, um a um. O sabor, para quem experimentou, é terrível!

Eu, não entendia o porquê destes costumes. Certo dia, resolvi questioná-la: “Dona Bia como consegue ficar com esse troço na boca o dia inteiro ainda mais com este gosto terrível?”A simples resposta dela me fez refletir: “mascar alho faz bem ao coração, gengibre a garganta e o fumo mascado cru melhora a circulação”

“Como assim?! Com um gosto ruim desse jeito?”

Por volta de uns 17 anos após aquele período como um todo, percebo a distância que se insurge entre as gerações. Naquela época eu já não tinha esse hábito, nem tampouco fui criado com ele; nem hábitos do gênero.

Minha mãe, por exemplo, lembra com normalidade de práticas semelhantes, mas que com o passar do tempo, em razão de que novos costumes fixados ao sabor e a estética foram surgindo, os velhos desconfortos de alguns costumes mais antigos, por sua simplicidade e naturalidade, fizeram-se desnecessários.

Para quê escovar os dentes com a própria folha do JUÁ, in natura, se dá para fazê-lo com o sabor que nos pareça mais apropriado, menta, uva, hortelã, etc...?
Aprendemos a atribuir nossos próprios sabores à vida. Estamos numa geração que apenas quer se sentir bem, ainda que para isto faça e experimente o que é mal!

Quer saber se de fato algo é bom ou ruim? Não atente para o sabor, mas se ao final fará de você alguém melhor.

Pedir perdão, voltar atrás ao que determinamos e abrir mão de nossa vaidade nos fazendo iguais sempre, não são atitudes saborosas! Nenhumas destas coisas são boas, ou apetecíveis à vista, ao paladar do nosso ego.

Todavia, fazem um bem enorme ao coração daqueles que passam o dia inteiro e todo dia “mascando” o dente de alho da Graça de Deus!

É tudo muito simples, sem sabor, mas com Graça, muita Graça.
Fé, paz, Graça e Vida.

Sem. Maurício Irmão – STCN
Recife, 10 de Março de 2010