terça-feira, 5 de agosto de 2008

Uma Nova Visão Sobre Missões


No livro de Atos capítulo 1 versículo 8 podemos encontrar as últimas palavras de Jesus antes de ser levado ao céu: “Porém, quando o Espírito Santo descer sobre vocês, vocês receberão PODER e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda Judéia e Samaria e até os confins da terra” (Atos 1:8). Estas palavras são o marco daquilo que nós cristãos chamamos de “missões”.

O versículo acima nos traz algumas implicações: primeiro que, ao nos tornarmos filhos de Deus – nos tornamos sal e luz – o Espírito Santo passa a habitar em nós; segundo que Deus nos deu, mediante seu Espírito, o PODER da palavra e do evangelho, o PODER que liberta. O evangelho é o PODER de Deus que transforma vidas e o mais importante ainda, dá a vida eterna.

Este PODER dado por Deus a nós, nos confere a missão do “ide e pregai” (Mc 16:15). Assim, nós passamos a ter a missão mais importante que já existiu na face da terra e ela nos foi confiada por Deus. Logo, nada do que façamos nesta vida será maior e mais importante do que ganhar almas para Jesus.

Se formos mais adiante, no capítulo 1 de Atos, encontraremos no versículo 11 as palavras dos dois homens vestidos de branco, destinadas àqueles que ficaram a olhar para o céu após a subida de Jesus: “Homens da Galiléia, por que vocês estão olhando para o céu? Esse mesmo Jesus que estava com vocês e que foi levado para o céu voltará do mesmo modo que vocês o viram subir” (Atos 1:11). Se pararmos para tentar imaginar a cena que o versículo 11 descreve, teremos a impressão de que por alguns segundos os que olhavam para o céu precisaram ser “despertados” pelos homens de branco. Isto me fez pensar se não seria a situação de muitas igrejas: cristãos olhando para o céu.

Nosso errôneo entendimento do que seja missões está resumido a vivermos presos entre as quatro paredes do templo olhando para o céu, achando que as nossas esporádicas orações e ofertas serão o suficiente para levar pessoas a terem um encontro com Jesus.

Para uma nova visão missionária não precisamos apenas orar e ofertar mais, temos que fazer também o “ide” de Jesus. Não podemos ter apenas a consciência de que temos PODER, mas precisamos usá-lo, pois Deus cobrará isto de nós.

Precisamos, urgentemente, rever a nossa concepção de missões. Missões se tornou um espaço de tempo em que a igreja reserva para orar, recitar o tema e a divisa – que por sinal muitas vezes é feita de uma forma mecânica assim como outros momentos do culto –, cantar o hino oficial e levantar, com muito esforço, a oferta para os missionários.

(E por falar em missionários!) Quem são os missionários? Missionário não é título dado por seminário. Missionário é uma conseqüência para uma pessoa que se torna cristão. Ser missionário é viver diariamente, não apenas pensar em missões, mas viver missões. Nós temos que desconstruir a idéia que de fazemos missões em nome de qualquer que seja a “junta” (JMM – Junta de Missões Mundiais –, por exemplo) e construir na mente e nas atitudes que fazemos missões em nome de Jesus.

Mas talvez seja mais fácil “pagar” a um missionário pra ele fazer (Eu te pago e tu faz enquanto eu fico aqui a orar por ti). Orar e levantar ofertas pelos tão missionários quanto nós deveríamos ser, não é o bastante. Deus não quer só isto de nós. Mas, isto é uma conseqüência de estarmos nos escondendo atrás da lógica de que missionário é aquele que está lá, bem longe de todos, lá no “campo”. Mas onde fica o campo? O campo é onde nós vivemos. O campo é o nosso dia a dia.

Não existe nenhum cristão a quem Deus não tenha um projeto missionário.Não podemos ignorar o projeto de Deus, pois missionário importante é o missionário que está no centro da vontade de Deus.
Renata Lima
15/07/2008

terça-feira, 15 de julho de 2008

Mais que expressão: verdade!


Quem de nós nunca ouviu uma palavra hostil a ponto de desanimar sobre planos e projetos? Quem nunca foi surpreendido com uma atitude de alguém de quem nada de mal se esperava, sendo solapado em suas estruturas, perdendo totalmente o “chão”, como comumente se afirma? Ou ainda, pôde experimentar traições e decepções de quaisquer ordens, sofrendo danos para além de materiais? Surpreendemo-nos com coisas do tipo.

Estamos adstritos ao que vemos e por isso somos tendenciosos a nos direcionarmos pelo que fazem conosco e pelo que fazemos em retribuição. O fato, ao que nos parece, é que uma palavra ou atitude se prolonga no tempo quase que indefinidamente e nos qualifica pela vida inteira. Acabamos acorrentados não só pelo que dizemos, mas pelo que ouvimos e, muitas vezes ou quase sempre, se desvencilhar disso requer um repensar de toda nossa existência, sobretudo cristã.

Numa via dupla é tão difícil voltar atrás para perdoar como para pedir perdão, porque diferentemente do perdão de Deus para conosco, o perdão entre nós significa igualdade. Há uma verticalidade no perdão de Deus para conosco, enquanto que de uns para com os outros o perdão se opera numa horizontalidade.

Palavras ditas sob a égide do nosso ego ferido ou simplesmente afrontado, não por tudo que de fato afronta, mas por tudo que chamamos de afronta. Se olharmos com sinceridade para nós mesmos, veremos que a maioria dos nossos problemas não são problemas e que a maioria das nossas afrontas não são afrontas. Não voltar atrás destas coisas é uma expressão mais do que contundente da nossa hipocrisia existencial.

Não podemos fugir das nossas atitudes e palavras, tampouco das atitudes e palavras alheias, pois não podemos ignorar a existência do outro. Mas precisamos ver por trás das palavras para compreendermos as pessoas que nos envolvem. Somos muito mais que palavras e ações, pois nossa essência nos antecede e é precedida pela própria efetivação da toda existência, pois o existir é uma instituição divina e Deus a antecede.

Olhar por trás das palavras e atitudes não significa tentar sondar o interior das pessoas, tecendo juízos e formando restrições sobre elas. No entanto, significa olhar para dentro de nós mesmos e enxergarmos que precisamos AMAR o outro para sermos levados até JESUS. Não como uma condição, mas como um resultado natural do que nos tornamos diante de DEUS por exclusivo (ou único) intermédio do seu filho JESUS, a menos que nada tenha sido mudado em nós.

Como filhos que agora somos, precisamos ter proximidade o suficiente para compreendermos as limitações dos outros, sabendo que também possuímos as nossas e que por isso devemos agir com sinceridade com as pessoas, sendo primeiro sinceros e verdadeiros com nós mesmos. Tornamos-nos ainda mais doentes espirituais quando permitimos que alguém se afaste de nós, ou vice e versa, por causa de atitudes e palavras que machucaram, pois estamos vendo apenas o exterior, sem AMAR o interior das pessoas a partir de nós mesmos.

Somos bem mais que palavras e ações. O que somos nunca poderá ser expresso exatamente por aquilo que se pode ver e ouvir. Podemos usar muito mais que linguagem e atitudes para nos expressarmos e, conseqüentemente, nos conhecermos.

Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Gálatas 5:22

Talvez se refletir junto comigo neste texto, consiga entender melhor o que estou tentando dizer:
1. Imagine alguém que ama e que não se satisfaz;
2. Imagine alguém que se satisfaz, porque ama, e não tem paz...
3. Imagine alguém que tem paz, porque se satisfaz e se satisfaz porque ama, e não tem firmeza de ânimo, isto é, se permite guiar pelo medo...
4. Imagine alguém que conjuga as características acima e não tem suavidade, nem bondade...
5. Que não tem mansidão e autocontrole, sobretudo que não tem fé...

Quero dizer que não podemos ter uma coisa e não ter outra. Tudo procede do amor e o amor de Cristo, pois sem ele nada de bom pode se erigir de nós mesmos. Somos hipócritas quando nossas palavras e ações divergem do que narra este texto (Gal. 5:22) e ao mesmo tempo dizemos ter CRISTO em nossas vidas. Neste sentido, o mal que nós fazemos as pessoas deve cessar, não porque é proibido, mas porque somos iguais e nos amamos. Nada justifica proceder de modo diverso, apenas nossa hipocrisia.

NELE, enxergamos o que de fato somos e, a partir daí, passamos a ver os outros como Ele nos vê, sem juízos, imposições, restrições, impaciência, desafeto, mas com AMOR. Desse modo, requalificamos o que dizemos e ouvimos, passando a expressar uma verdade completamente livre de nós mesmos, mas completamente vinculada à verdade do EVANGELHO que, como tudo que procede de Deus, requer muito mais do que expressão, requer vida.

Precisamos nos guiar deste modo, sem mentirmos para nós mesmos, mas agindo com AMOR, pois só ele nos faz viver em verdade e sinceridade, isto é, para além do que podemos ver.


Maurício J.S.Irmão
12/07/2008

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Exercendo o amor pelo amor


Nos versículos de 9 a 21 do capítulo 12 da carta aos romanos, Paulo ensina sobre a prática que os cristãos precisam viver diariamente. Ele instrui aos cristãos no serviço do dom máximo e princípio básico de todo o verdadeiro cristianismo: o amor. As virtudes que aqui descreve são a manifestação externa do genuíno amor cristão.

9 O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem.
10 Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros.
11 Não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor;
12 Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração;
13 Comunicai com os santos nas suas necessidades, segui a hospitalidade;
14 Abençoai aos que vos perseguem, abençoai, e não amaldiçoeis.
15 Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram;
16 Sede unânimes entre vós; não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios em vós mesmos;
17 A ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas honestas, perante todos os homens.
18 Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens.
19 Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor.
20 Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça.
21 Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem
.


Já ouvi alguns opinarem dizendo que é impossível alguém viver desse modo e que é impossível viver tudo o que a bíblia nos ensina). Em se tratando de quem não vive o amor de Deus, até compreendo! Se for pra depender do “sangue de barata” de muita gente, realmente eis um problema. Tentem fazer o que está escrito de uma forma mecânica ou por mérito próprio. Garanto, será decepcionante!

Pensemos assim: só quem tem água pode dar de beber. Só quem tem comida pode dar de comer. Só quem ama pode dar amor.
Indo mais adiante: somos cristãos, certo? Temos o amor de Deus em nossas vidas e todos os nossos pecados por meio de Jesus Cristo foram/são perdoados. Logo, temos amor e perdão. Ok?
Se nós só podemos dar aquilo que temos – e nós temos amor e perdão – como posso me deixar vencer pelo mal? (Ou seja, não amar?) Como posso não dar de comer ao meu inimigo? (Ou seja, como posso não exercer perdão?)

A graça de Deus abundou em nossas vidas. Reconhecemos a grandeza de seu amor a ponto de nos resgatar do pecado, perdoando-nos. Então, como posso eu não amar ao meu próximo se Deus me amou primeiro e se este amor faz parte de mim? Como posso eu não perdoar se vivo o perdão de Deus? Se não perdoamos é porque não temos o perdão, se não amamos é porque não temos o amor.

Portanto amados: ameis uns aos outros! Mas este amor não pode ser entendido como uma imposição em sentido estrito, mas na verdade como uma conseqüência natural para aqueles que foram alcançados pelo amor de Deus.

Ameis até quando cometerem injustiça contra ti, pois o senhor colocará brasas vivas sobre a tua cabeça (Rm 12:20 e Pv 25:21-22). Ele te exaltará.




Renata Lima 09/07/2008

terça-feira, 17 de junho de 2008

“Cristãos às Avessas”


“Vocês são o sal da terra; e se o sal perder seu sabor, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens. Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte” (Mateus 5:13-14).


Durante minha infância, um homem usado por Deus, falava-me todas as manhãs através de suas músicas. Lembro-me bem de uma canção que, enquanto minha mãe ia até a padaria, eu ouvia sentada no chão em frente ao som: “você lembra quando foi, que o senhor o separou dentre todos os amigos, dentre os entes mais queridos? E lhe encheu a alma toda de paixão tão desmedida, pelas almas, pelas vidas, que não sabem pra onde vão. Mas o tempo foi passando e a paixão se esfriou. Oh meu Senhor, responda-me: por quê?”* E lá eu ficava ouvindo.

Parece que naquela época tudo era mais claro em minha cabeça de criança: ame ao senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todo o seu entedimento e de todas as suas forças e ame ao seu próximo como a si mesmo (Mc 12:30-31). Mas o tempo foi passando e o “amor” ao próximo se esfriou.

Vivemos num momento em que mais do que nunca precisamos correr contra o tempo (será que precisamos mesmo?). Uma agitação nos cerca, não há mais “tempo pra nada”. Vivemos correndo de um lado pra outro, muitas vezes sem saber mesmo o porquê fazemos isto ou aquilo. Mas foi no meio deste corre-corre todo que lembrei de coisas que havia esquecido e me fiz – e faço a você agora – o seguinte questionamento: que tempo de nossas vidas temos dado para servir a Deus? Que tempo temos dado pra o “ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura?” Tenho amado a Deus e a meu próximo a ponto de fazer isto?

Não devemos nos conformar em ter o amor de Deus só pra nós. Não devemos ficar de braços cruzados enquanto tantos coitados não sabem ao certo pra onde vão, como diria o Pr. Paulo Cezar.

Mas o que tenho visto por aí é uma preocupação enorme com quem toca ou deixa de tocar no domingo a noite. Uma preocupação em fazer teologia pra quem sabe um dia, quando se aposentar, ser pastor (“afinal quem hoje é chamado por Deus?”). Uma preocupação em ser a todo custo e antes de qualquer coisa o médico(a), o professor(a), o advogado(a), a mãe, o pai, o namorado(a). Ser cristão (e nem preciso dizer ser cristão de verdade, porque cristão de mentirinha vai pro inferno) fica em segundo, terceiro, quarto... lugar. É quase uma identidade secreta, liberta no domingo a noite quando cantamos “venho senhor minha vida oferecer, como oferta de amor e sacríficio”, sem saber ao certo do que se trata.

Buscar o reino de Deus virou segundo plano (Mt 6:33). Primeiro vem minha vida, depois o reino, depois meu próximo – a quem devo amar como a mim mesmo. Muitos cristãos viraram “cristãos às avessas”. Deixaram de ser sal pra ser adoçante e nem perceberam que a luz que deveriam ser já se apagou faz tempo.

O que precisamos é ser obreiro aprovado que não tem medo do que se envergonhar, que maneja corretamente a palavra da verdade (II Tm 2:15), indo por todo mundo (rua, casa, escola, faculdade, trabalho) e pregando o evangelho a toda criatura.

Precisamos ser cristãos!


*Agradeço ao pastor Paulo Cezar (Grupo Logos), homem usado por Deus a quem tive prazer de conhecer.

Renata Lima
17/06/2008

Postado pela mesma.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

“Quem me julga é o SENHOR...”


Porque em nada me sinto culpado; mas nem por isso me considero justificado, pois quem me julga é o SENHOR. 1 Coríntios 4:4


Recentemente toda a nação pode se revoltar com o caso da menina atirada – possivelmente - pelo pai e pela madrasta da janela do quarto de seu apartamento. Há um pouco mais de tempo foi o caso do garotinho que foi arrastado por assaltantes por alguns quarteirões. Outro caso bastante chocante foi a do pai que manteve a filha aprisionada durante anos no porão da própria casa e que teve vários filhos com ela.

São fatos do nosso dia-a-dia que conseguem nos retirar a tranqüilidade por alguns momentos, mas que permanecem distantes de nós e que, no máximo, será o motivo de comentários do horário de almoço no trabalho, faculdade ou em casa. Nestas ocasiões, o senso de justiça de alguns se eleva a ponto de declararem suas sentenças: “se visse estes monstros que fizeram estas atrocidades, frente a frente, faria o mesmo com eles”. A despeito de tudo isso, estamos frios a tudo o que ocorre à nossa volta.

Somos assim e nem nos damos conta de que nos iniciamos nisto tudo pelas coisas que parecem não ter relevância do mesmo modo que eles. Aquilo que chamamos de atrocidades são, na verdade, conseqüência lógica de como olhamos nosso semelhante. Em nome de uma expressão pessoal incólume e desprovida de equívocos, somos capazes de muitas coisas, mesmo que para isso pessoas sejam preteridas e tratadas como “coisa”.

Isto é uma realidade em todas as relações. Casamentos infernais simplesmente porque um não admite o outro. Conflitos que se iniciam dentro de casa sem que nos apercebamos. Acabamos ensinando nossas crianças a serem indiferentes às outras. Na atual conjuntura de nossa sociedade, ainda mais, parece-nos imperioso agirmos como superiores e a necessidade de sermos melhores chega a nos consumir a ponto de levar-nos a romper quaisquer vínculos que entendamos como ameaça para nossos objetivos, alcançados pela nossa intransparência.

As outras pessoas se tornam insuportáveis quando o assunto é o nosso conforto. Agimos como se merecêssemos melhor tratamento e isso justifica nossa impaciência nas mais simples ocasiões. É o que nos impulsiona a burlar a fila do banco ou simplesmente ignorar aquela senhora grávida ou um idosa (o) dentro do ônibus no qual estamos sentados depois de um dia de trabalho.

Olhamos nas pessoas apenas o que nos convém e conseqüentemente o que sabemos sobre elas está adstrito às mesmas dimensões. Não nos aproximamos delas no sentido de conhecer “quem elas são”, mas “do que” elas representam e no que podemos ser beneficiados com isto. Por vezes tratamos as pessoas como instrumento de crescimento para o nosso ego e a importância delas se vincula ao êxito deste objetivo. É por isso que os desconhecidos mais ainda são subjugados e por vezes humilhados. Nossa existência torna a existência das outras pessoas tão humilhante quanto capaz de demonstrar nossa superioridade.

Se soubéssemos o que efetivamente somos, nosso próximo jamais experimentaria o nosso desdém, frieza, ou mesmo seriam “coisificados” por nós, muito menos serviriam como “degrau” para nossa subida desesperada, muito mais, estariam livres do nosso tão áspero julgamento. Jamais estaremos preparados para as pessoas enquanto não estivermos libertos dessa necessidade de superioridade. O sentimento que nos faz ter repúdio destas pessoas é também o maior responsável pelo o que eles fizeram. Precisamos nos libertar da necessidade de sermos melhores que as pessoas que nos rodeiam, precisamos nos libertar de nós mesmos.



Maurício J. S. Irmão
22/05/2008