sexta-feira, 19 de setembro de 2008

DESPENSEIRO DA GRAÇA

1 Pedro 4:10 Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.
1 Coríntios 4:2 Além disso, requer-se dos despenseiros que cada um se ache fiel.

A palavra “despenseiro”, conforme nos mostra os dicionários deriva de “despensa” que é o lugar onde se arruma, armazena os víveres de uma casa. O despenseiro, portanto é aquele responsável pelo controle e arrumação destes víveres na despensa. Todavia, me parece insuficiente recorrer a esta analogia para explicar o que significa ser despenseiro da graça de Deus.

Por via de conseqüência, entender o que é ser um “despenseiro” me parece simples, todavia, não posso, com eficácia, esclarecer o que significa ser “despenseiro da graça” sem antes dizer o que é “graça”. E não dá para dizer nada sobre a graça sem falarmos sobre a fé e, como veremos, não dá para tratarmos sobre fé sem antes entendermos a criação na sua gênese. Significa que para entendermos a graça da qual somos despenseiros, precisamos nos remeter ao principio de tudo.

Assim sendo, preliminarmente posso dizer que na criação – céu e terra – não há um sentido em si mesma, pois sua finalidade reside na posterior criação do homem. Nada do que foi criado tem qualquer sentido de existir sem o homem (Cf. Gn. 1: 26,27). Tudo o Criador sujeitou ao homem, de modo que desde o momento em que se fez compreensível ao criar, sua pretensão maior era o homem. Todavia, a recíproca não é verdadeira, pois a essência do homem, sua finalidade reside em Deus, já que fomos criados para nos completarmos nele em obediência.

Após a queda, cabe esclarecer que o próprio Deus afirma ter o homem se tornado igual a ele, no sentido de conhecer o bem e o mal. Significa que após a queda o homem assume o senhorio de si mesmo por haver rompido com Deus, se fazendo deus. E assim sendo, passa a não admitir outro deus, razão pela qual rompe com o homem também. Poderíamos chamar o homem decaído de "homem deus".

Ressaltamos ainda que, embora não conhecedores do bem e do mal, o casal foi conscientizado do que era certo e errado. Por isso a queda é muito mais que comer do fruto, mas, além disso, significou a desconsideração pelo homem da sua essência e dependência de Deus por pretender se igualar a Deus e viver por si mesmo. Logo, a vida que hoje vivemos é ao mesmo tempo a “morte certa” em virtude da não obediência a sua vontade e é a “vida” resultado das nossas próprias vontades, da qual não podemos nos queixar.

Contudo, é de suma importância que saibamos que tudo que tratamos até aqui, antecede a queda. Pois hoje não nos relacionamos com Deus por meio da obediência pessoal, mas por meio da fé, pois na condição de decaídos não podemos agradar a Deus por nós mesmos.

Significa que a fé desencadeia em nós um processo, que nos permite, pelo seu autor e consumador, a saber, Jesus Cristo, uma relação direta com Deus por ser Deus o próprio Cristo. De modo que a fé, em nós, substitui a obediência de Adão validamente. Sem desconsiderar, claro, que a fé que nos é dada, resulta da obediência do Cristo não nossa. A dívida paga, à justiça de Deus, que não pudemos pagar era a obediência. Hoje, obedecemos por fé.

Ora, se a vida para Adão resultava de sua obediência pessoal, estamos dizendo que a vida não era um direito, mas era mantida por um direito, pois o único meio de perdê-la seria desobedecendo, como aconteceu.

A vida sempre procede do criador, a saber, O Cristo. Dada ao homem, na gênese da criação “como” um direito; a posteriori, devolvida ao homem, após a queda por meio da sua graça. Tanto de um modo, quanto de outro, só há vida nele, Ele é a vida. Neste sentido, a vida não é nem um direito, tampouco uma graça, mas ambas são formas utilizadas por Deus para dar vida ao homem. A primeira, como já dito, no principio de tudo, e depois a graça em virtude da queda.

A graça de Deus, portanto, nestes termos, é o resultado último do processo que se inicia em nós por meio da fé, pois a vida é o fim último da fé, que não vem de nós é dom de Deus, pois somos salvos por ela que antecede e permite a graça de vivermos novamente em Deus, pelos méritos do Cristo, não nesta vida, que resulta das nossas vontades e desobediência, mas para vivermos em Jesus por meio dele mesmo, isto é, da fé.

Já entendendo – espero – que a fé antecede a graça, uma conclusão disto merece relevância, pelo que passo a aduzi-la: Ora, a justiça de Deus, enquanto criador, já que ser criador não o torna mais Deus, resulta da sua própria palavra, ao restringir o homem, conforme sua imagem, de comer do fruto do conhecimento do bem e do mal afirmando categoricamente que se assim procedesse “certamente morreria”. Ser justo, portanto, significa condenar a criação em face da desobediência.

Isto ocorreu porque o amor de Deus não o contraria. Por isso, se fez necessário o sacrifício do Cristo, pois não poderia desconsiderar sua própria palavra e simplesmente não “matar” e descumpri-la. Para não ficar apenas nas minhas palavras, leia os textos bíblicos abaixo: No livro de Romanos no Cap. 5: 1 e 2, assim nos ensina Paulo: Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus.

Ainda no livro de Romanos, continua Paulo no Cap. 8:24 e 25: Porque, na esperança, fomos salvos. Ora, esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê, como o espera? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos. Já no livro de Hebreus, temos uma clara explicação sobre o que é fé: Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem.

No livro de Tiago Cap. 1:2 podemos ler o seguinte: Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação a vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Voltando para o livro de Romanos no Cap. 5, temos a confirmação do que afirma Tiago, nos versos 3 e 4: ...mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; a experiência, esperança.

No livro do Apóstolo Pedro, em sua primeira carta, ele afirma o seguinte, nos versos 6 – 9: Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações, para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo; a quem, não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória, obtendo o fim (finalidade e término) da vossa fé: a salvação da vossa alma.

Não podemos nos justificar por nossas próprias obras, embora disso já saibamos. Mas se observarmos o que narra os textos acima e devidamente adentrarmos em seus contextos vamos nos aperceber que a fé se limita apenas a esta vida, pois sua finalidade está para reverter a nossa morte nos fazendo produzir frutos antes impossíveis em virtude da nossa atual condição de decaídos.

A fé pretende produzir em nós vida, já que estamos mortos. A fé, portanto é o instrumento que nos faz deixar de ser deuses, rompidos com Deus e com o outro, fazendo-nos iguais: De fato, sem fé, é impossível agradar a Deus.

Diante de tudo que até aqui se aduziu, posso dizer que despenseiro da graça é aquele que ama porque recebeu de Deus este amor; que perdoa porque já foi perdoado por DEUS; que não julga porque não há de ser julgado, já está salvo; nada o eleva, tampouco o diminui, porque simplesmente se enxerga com sinceridade, sabendo que em si mesmo não há perfeição, mas deve sempre haver sinceridade; não leva “sentenças” para as pessoas, já que se compreende merecedor de condenação também, mas a verdade do evangelho em sinceridade e compaixão; que deseja não praticar o mal não por hipocrisia, mas por amor, sabendo que nossas praticas não podem nos justificar diante daquele que justifica a quem quer; e por fim, que não é nada em si mesmo, pois tudo que é, por menor que seja, procede daquele que é tudo em todos.

Ser despenseiro graça significa ser despenseiro de uma esperança viva que há de se revelar em dia e hora que só pertencem a Deus. É esta viva esperança que produz em nós Paz. Cessada está a guerra, não mais somos inimigos de Deus, mas reconciliados por meio dele mesmo, temos paz presente para que possamos aguardar, certos e convictos pela vida eterna, produzida pela graça de Deus, manifestamente salvadora.

Que Ele produza em nós verdadeiros celeiros da sua graça vindoura, fruto da fé presente a fim de tenhamos paz com Ele e com os outros.

Amém!



Maurício J. S. Irmão
29.07.2008
12.08.2008
23.08.2008
16/09/2008

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Uma Nova Visão Sobre Missões


No livro de Atos capítulo 1 versículo 8 podemos encontrar as últimas palavras de Jesus antes de ser levado ao céu: “Porém, quando o Espírito Santo descer sobre vocês, vocês receberão PODER e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda Judéia e Samaria e até os confins da terra” (Atos 1:8). Estas palavras são o marco daquilo que nós cristãos chamamos de “missões”.

O versículo acima nos traz algumas implicações: primeiro que, ao nos tornarmos filhos de Deus – nos tornamos sal e luz – o Espírito Santo passa a habitar em nós; segundo que Deus nos deu, mediante seu Espírito, o PODER da palavra e do evangelho, o PODER que liberta. O evangelho é o PODER de Deus que transforma vidas e o mais importante ainda, dá a vida eterna.

Este PODER dado por Deus a nós, nos confere a missão do “ide e pregai” (Mc 16:15). Assim, nós passamos a ter a missão mais importante que já existiu na face da terra e ela nos foi confiada por Deus. Logo, nada do que façamos nesta vida será maior e mais importante do que ganhar almas para Jesus.

Se formos mais adiante, no capítulo 1 de Atos, encontraremos no versículo 11 as palavras dos dois homens vestidos de branco, destinadas àqueles que ficaram a olhar para o céu após a subida de Jesus: “Homens da Galiléia, por que vocês estão olhando para o céu? Esse mesmo Jesus que estava com vocês e que foi levado para o céu voltará do mesmo modo que vocês o viram subir” (Atos 1:11). Se pararmos para tentar imaginar a cena que o versículo 11 descreve, teremos a impressão de que por alguns segundos os que olhavam para o céu precisaram ser “despertados” pelos homens de branco. Isto me fez pensar se não seria a situação de muitas igrejas: cristãos olhando para o céu.

Nosso errôneo entendimento do que seja missões está resumido a vivermos presos entre as quatro paredes do templo olhando para o céu, achando que as nossas esporádicas orações e ofertas serão o suficiente para levar pessoas a terem um encontro com Jesus.

Para uma nova visão missionária não precisamos apenas orar e ofertar mais, temos que fazer também o “ide” de Jesus. Não podemos ter apenas a consciência de que temos PODER, mas precisamos usá-lo, pois Deus cobrará isto de nós.

Precisamos, urgentemente, rever a nossa concepção de missões. Missões se tornou um espaço de tempo em que a igreja reserva para orar, recitar o tema e a divisa – que por sinal muitas vezes é feita de uma forma mecânica assim como outros momentos do culto –, cantar o hino oficial e levantar, com muito esforço, a oferta para os missionários.

(E por falar em missionários!) Quem são os missionários? Missionário não é título dado por seminário. Missionário é uma conseqüência para uma pessoa que se torna cristão. Ser missionário é viver diariamente, não apenas pensar em missões, mas viver missões. Nós temos que desconstruir a idéia que de fazemos missões em nome de qualquer que seja a “junta” (JMM – Junta de Missões Mundiais –, por exemplo) e construir na mente e nas atitudes que fazemos missões em nome de Jesus.

Mas talvez seja mais fácil “pagar” a um missionário pra ele fazer (Eu te pago e tu faz enquanto eu fico aqui a orar por ti). Orar e levantar ofertas pelos tão missionários quanto nós deveríamos ser, não é o bastante. Deus não quer só isto de nós. Mas, isto é uma conseqüência de estarmos nos escondendo atrás da lógica de que missionário é aquele que está lá, bem longe de todos, lá no “campo”. Mas onde fica o campo? O campo é onde nós vivemos. O campo é o nosso dia a dia.

Não existe nenhum cristão a quem Deus não tenha um projeto missionário.Não podemos ignorar o projeto de Deus, pois missionário importante é o missionário que está no centro da vontade de Deus.
Renata Lima
15/07/2008

terça-feira, 15 de julho de 2008

Mais que expressão: verdade!


Quem de nós nunca ouviu uma palavra hostil a ponto de desanimar sobre planos e projetos? Quem nunca foi surpreendido com uma atitude de alguém de quem nada de mal se esperava, sendo solapado em suas estruturas, perdendo totalmente o “chão”, como comumente se afirma? Ou ainda, pôde experimentar traições e decepções de quaisquer ordens, sofrendo danos para além de materiais? Surpreendemo-nos com coisas do tipo.

Estamos adstritos ao que vemos e por isso somos tendenciosos a nos direcionarmos pelo que fazem conosco e pelo que fazemos em retribuição. O fato, ao que nos parece, é que uma palavra ou atitude se prolonga no tempo quase que indefinidamente e nos qualifica pela vida inteira. Acabamos acorrentados não só pelo que dizemos, mas pelo que ouvimos e, muitas vezes ou quase sempre, se desvencilhar disso requer um repensar de toda nossa existência, sobretudo cristã.

Numa via dupla é tão difícil voltar atrás para perdoar como para pedir perdão, porque diferentemente do perdão de Deus para conosco, o perdão entre nós significa igualdade. Há uma verticalidade no perdão de Deus para conosco, enquanto que de uns para com os outros o perdão se opera numa horizontalidade.

Palavras ditas sob a égide do nosso ego ferido ou simplesmente afrontado, não por tudo que de fato afronta, mas por tudo que chamamos de afronta. Se olharmos com sinceridade para nós mesmos, veremos que a maioria dos nossos problemas não são problemas e que a maioria das nossas afrontas não são afrontas. Não voltar atrás destas coisas é uma expressão mais do que contundente da nossa hipocrisia existencial.

Não podemos fugir das nossas atitudes e palavras, tampouco das atitudes e palavras alheias, pois não podemos ignorar a existência do outro. Mas precisamos ver por trás das palavras para compreendermos as pessoas que nos envolvem. Somos muito mais que palavras e ações, pois nossa essência nos antecede e é precedida pela própria efetivação da toda existência, pois o existir é uma instituição divina e Deus a antecede.

Olhar por trás das palavras e atitudes não significa tentar sondar o interior das pessoas, tecendo juízos e formando restrições sobre elas. No entanto, significa olhar para dentro de nós mesmos e enxergarmos que precisamos AMAR o outro para sermos levados até JESUS. Não como uma condição, mas como um resultado natural do que nos tornamos diante de DEUS por exclusivo (ou único) intermédio do seu filho JESUS, a menos que nada tenha sido mudado em nós.

Como filhos que agora somos, precisamos ter proximidade o suficiente para compreendermos as limitações dos outros, sabendo que também possuímos as nossas e que por isso devemos agir com sinceridade com as pessoas, sendo primeiro sinceros e verdadeiros com nós mesmos. Tornamos-nos ainda mais doentes espirituais quando permitimos que alguém se afaste de nós, ou vice e versa, por causa de atitudes e palavras que machucaram, pois estamos vendo apenas o exterior, sem AMAR o interior das pessoas a partir de nós mesmos.

Somos bem mais que palavras e ações. O que somos nunca poderá ser expresso exatamente por aquilo que se pode ver e ouvir. Podemos usar muito mais que linguagem e atitudes para nos expressarmos e, conseqüentemente, nos conhecermos.

Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Gálatas 5:22

Talvez se refletir junto comigo neste texto, consiga entender melhor o que estou tentando dizer:
1. Imagine alguém que ama e que não se satisfaz;
2. Imagine alguém que se satisfaz, porque ama, e não tem paz...
3. Imagine alguém que tem paz, porque se satisfaz e se satisfaz porque ama, e não tem firmeza de ânimo, isto é, se permite guiar pelo medo...
4. Imagine alguém que conjuga as características acima e não tem suavidade, nem bondade...
5. Que não tem mansidão e autocontrole, sobretudo que não tem fé...

Quero dizer que não podemos ter uma coisa e não ter outra. Tudo procede do amor e o amor de Cristo, pois sem ele nada de bom pode se erigir de nós mesmos. Somos hipócritas quando nossas palavras e ações divergem do que narra este texto (Gal. 5:22) e ao mesmo tempo dizemos ter CRISTO em nossas vidas. Neste sentido, o mal que nós fazemos as pessoas deve cessar, não porque é proibido, mas porque somos iguais e nos amamos. Nada justifica proceder de modo diverso, apenas nossa hipocrisia.

NELE, enxergamos o que de fato somos e, a partir daí, passamos a ver os outros como Ele nos vê, sem juízos, imposições, restrições, impaciência, desafeto, mas com AMOR. Desse modo, requalificamos o que dizemos e ouvimos, passando a expressar uma verdade completamente livre de nós mesmos, mas completamente vinculada à verdade do EVANGELHO que, como tudo que procede de Deus, requer muito mais do que expressão, requer vida.

Precisamos nos guiar deste modo, sem mentirmos para nós mesmos, mas agindo com AMOR, pois só ele nos faz viver em verdade e sinceridade, isto é, para além do que podemos ver.


Maurício J.S.Irmão
12/07/2008

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Exercendo o amor pelo amor


Nos versículos de 9 a 21 do capítulo 12 da carta aos romanos, Paulo ensina sobre a prática que os cristãos precisam viver diariamente. Ele instrui aos cristãos no serviço do dom máximo e princípio básico de todo o verdadeiro cristianismo: o amor. As virtudes que aqui descreve são a manifestação externa do genuíno amor cristão.

9 O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem.
10 Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros.
11 Não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor;
12 Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração;
13 Comunicai com os santos nas suas necessidades, segui a hospitalidade;
14 Abençoai aos que vos perseguem, abençoai, e não amaldiçoeis.
15 Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram;
16 Sede unânimes entre vós; não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios em vós mesmos;
17 A ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas honestas, perante todos os homens.
18 Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens.
19 Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor.
20 Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça.
21 Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem
.


Já ouvi alguns opinarem dizendo que é impossível alguém viver desse modo e que é impossível viver tudo o que a bíblia nos ensina). Em se tratando de quem não vive o amor de Deus, até compreendo! Se for pra depender do “sangue de barata” de muita gente, realmente eis um problema. Tentem fazer o que está escrito de uma forma mecânica ou por mérito próprio. Garanto, será decepcionante!

Pensemos assim: só quem tem água pode dar de beber. Só quem tem comida pode dar de comer. Só quem ama pode dar amor.
Indo mais adiante: somos cristãos, certo? Temos o amor de Deus em nossas vidas e todos os nossos pecados por meio de Jesus Cristo foram/são perdoados. Logo, temos amor e perdão. Ok?
Se nós só podemos dar aquilo que temos – e nós temos amor e perdão – como posso me deixar vencer pelo mal? (Ou seja, não amar?) Como posso não dar de comer ao meu inimigo? (Ou seja, como posso não exercer perdão?)

A graça de Deus abundou em nossas vidas. Reconhecemos a grandeza de seu amor a ponto de nos resgatar do pecado, perdoando-nos. Então, como posso eu não amar ao meu próximo se Deus me amou primeiro e se este amor faz parte de mim? Como posso eu não perdoar se vivo o perdão de Deus? Se não perdoamos é porque não temos o perdão, se não amamos é porque não temos o amor.

Portanto amados: ameis uns aos outros! Mas este amor não pode ser entendido como uma imposição em sentido estrito, mas na verdade como uma conseqüência natural para aqueles que foram alcançados pelo amor de Deus.

Ameis até quando cometerem injustiça contra ti, pois o senhor colocará brasas vivas sobre a tua cabeça (Rm 12:20 e Pv 25:21-22). Ele te exaltará.




Renata Lima 09/07/2008

terça-feira, 17 de junho de 2008

“Cristãos às Avessas”


“Vocês são o sal da terra; e se o sal perder seu sabor, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens. Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte” (Mateus 5:13-14).


Durante minha infância, um homem usado por Deus, falava-me todas as manhãs através de suas músicas. Lembro-me bem de uma canção que, enquanto minha mãe ia até a padaria, eu ouvia sentada no chão em frente ao som: “você lembra quando foi, que o senhor o separou dentre todos os amigos, dentre os entes mais queridos? E lhe encheu a alma toda de paixão tão desmedida, pelas almas, pelas vidas, que não sabem pra onde vão. Mas o tempo foi passando e a paixão se esfriou. Oh meu Senhor, responda-me: por quê?”* E lá eu ficava ouvindo.

Parece que naquela época tudo era mais claro em minha cabeça de criança: ame ao senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todo o seu entedimento e de todas as suas forças e ame ao seu próximo como a si mesmo (Mc 12:30-31). Mas o tempo foi passando e o “amor” ao próximo se esfriou.

Vivemos num momento em que mais do que nunca precisamos correr contra o tempo (será que precisamos mesmo?). Uma agitação nos cerca, não há mais “tempo pra nada”. Vivemos correndo de um lado pra outro, muitas vezes sem saber mesmo o porquê fazemos isto ou aquilo. Mas foi no meio deste corre-corre todo que lembrei de coisas que havia esquecido e me fiz – e faço a você agora – o seguinte questionamento: que tempo de nossas vidas temos dado para servir a Deus? Que tempo temos dado pra o “ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura?” Tenho amado a Deus e a meu próximo a ponto de fazer isto?

Não devemos nos conformar em ter o amor de Deus só pra nós. Não devemos ficar de braços cruzados enquanto tantos coitados não sabem ao certo pra onde vão, como diria o Pr. Paulo Cezar.

Mas o que tenho visto por aí é uma preocupação enorme com quem toca ou deixa de tocar no domingo a noite. Uma preocupação em fazer teologia pra quem sabe um dia, quando se aposentar, ser pastor (“afinal quem hoje é chamado por Deus?”). Uma preocupação em ser a todo custo e antes de qualquer coisa o médico(a), o professor(a), o advogado(a), a mãe, o pai, o namorado(a). Ser cristão (e nem preciso dizer ser cristão de verdade, porque cristão de mentirinha vai pro inferno) fica em segundo, terceiro, quarto... lugar. É quase uma identidade secreta, liberta no domingo a noite quando cantamos “venho senhor minha vida oferecer, como oferta de amor e sacríficio”, sem saber ao certo do que se trata.

Buscar o reino de Deus virou segundo plano (Mt 6:33). Primeiro vem minha vida, depois o reino, depois meu próximo – a quem devo amar como a mim mesmo. Muitos cristãos viraram “cristãos às avessas”. Deixaram de ser sal pra ser adoçante e nem perceberam que a luz que deveriam ser já se apagou faz tempo.

O que precisamos é ser obreiro aprovado que não tem medo do que se envergonhar, que maneja corretamente a palavra da verdade (II Tm 2:15), indo por todo mundo (rua, casa, escola, faculdade, trabalho) e pregando o evangelho a toda criatura.

Precisamos ser cristãos!


*Agradeço ao pastor Paulo Cezar (Grupo Logos), homem usado por Deus a quem tive prazer de conhecer.

Renata Lima
17/06/2008

Postado pela mesma.